Descrição de chapéu litoral paulista

Caraguatatuba, no litoral norte de SP, alarga praia com ajuda de rio vizinho

Praia do Porto Novo recebe areia retirada das obras do rio Juqueriquerê, que ganhou muretas de pedra avançando no mar

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Santos

A praia do Porto Novo, em Caraguatatuba, no litoral norte paulista, está sendo alargada com areia retirada por dragagem do vizinho rio Juqueriquerê —que há dois anos recebe uma obra de grande dimensão chamada enrocamento.

Porto Novo fica ao lado do bairro Portal das Flores e integra uma orla de 16 praias ao longo de 40 km. Na prática, trata-se de uma imensa enseada formando uma só praia que recebe vários nomes —praias do Indaiá, Aruan, Britânia, Palmeiras e Porto Novo, entre outras.

Com areia acinzentada e água de coloração mais escura, Porto Novo é a última de Caraguatatuba no limite com São Sebastião.

foto aérea de dois muros de pedra avançando no mar
Paredões de pedra (enrocamento) no rio Juqueriquerê com a praia de Porto Novo à esquerda, em Caraguatatuba - Cláudio Gomes/Prefeitura de Caraguatatuba

O procedimento que leva mais areia até a praia é executado no Brasil desde a década de 1970 e ganhou maior impulso em destinos como Balneário Camboriú (SC) para minimizar o sombreamento gerado por prédios na orla.

No caso de Caraguatatuba, não há transtorno provocado por edifícios, mas o alargamento foi adotado como forma de dar uma destinação à areia retirada do rio e, assim, beneficiar a praia.

"Nossos objetivos são a melhoria do sistema de drenagem da região sul da cidade, o aperfeiçoamento da navegabilidade e o incremento do turismo", afirma o prefeito Aguilar Junior (PL).

Muros paralelos

Maior rio navegável do litoral norte, com 13 km de extensão, o Juqueriquerê ganhou dois "braços de pedra" gigantes no encontro com o mar.

O enrocamento, como é chamado por engenheiros, foi lançado em abril de 2022 e consistiu na implantação de dois molhes (muros) paralelos no rio.

O custo foi de R$ 42 milhões, que o município viabilizou por empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. A execução é feita por empresa vencedora de licitação pública. A entrega será em junho.

O muro de pedra sul tem 1.350 metros de comprimento e o de pedra norte, 1.200 –com distância de 190 metros entre um e outro na raiz e de 100 metros na ponta.

"Vai fechando para dar pressão positiva que expulsa a água", explica o prefeito. "Na foz do rio, pelo movimento de maré, a areia se sedimenta muito e ele fica raso demais. Barcos não conseguem sair. Temos 13 marinas e todas ficam à mercê da maré. Com o enrocamento e os procedimentos complementares, a água, agora, flui", afirma.

"Segundo ponto: barcos de pesca. Já até tivemos um encalhado com uma tonelada e meia de pescado. Esse problema da comunidade pesqueira acaba ao mesmo tempo em que a navegabilidade geral melhora."

Além disso, de acordo com a prefeitura, o escoamento mais eficiente nos momentos de chuva beneficiará cerca de 40 mil moradores dos bairros do entorno com a diminuição das inundações. Ao todo, Caraguá tem 135 mil habitantes.

Outro aspecto impulsionado pelo rio dinamizado e a praia alargada é o turismo. A prefeitura informa ter obtido mais R$ 6,5 milhões do governo estadual para urbanização do molhe norte. As melhorias serão entregues em dezembro, último mês dos oito anos de gestão do prefeito.

"O trecho terá ciclovia, pista de caminhada, estacionamento, iluminação, farol e até uma réplica de antiga barca que transportava frutas", conta Aguilar Junior. A escolha pelo molhe norte se deu porque a estrutura dá acesso à cidade. A urbanização do molhe sul ficará para um segundo momento.

montanha de areia na praia com trator ao lado e mar ao fundo
Banco de areia na praia do Porto Novo, em Caraguatatuba (SP), para obras de alargamento da praia - Jhenifer Lombardi/Prefeitura de Caraguatatuba

Segundo a Secretaria de Obras, a dragagem está 40% concluída. Esse trabalho específico estará finalizado até o final do semestre, quando também será conhecida a dimensão que terá a praia alargada.

Alguns moradores têm críticas à obra. "Seria melhor entregar tudo de uma vez", afirma o secretário da Assopazca (Associação dos Pescadores Artesanais da Zona Sul de Caraguatatuba), Denis Coelho. "Continua faltando iluminação e farol com risco de barcos baterem nas pedras. Também será preciso um limite de velocidade para as lanchas."

Em nota, a prefeitura afirma que farol e iluminação seguem previstos para dezembro. Sobre lanchas, diz que, "ao final das obras, o trecho receberá sinalização náutica para controle de tráfego de embarcações".

À reportagem, o prefeito afirma que a obra foi elaborada por engenheiros, analisada por especialistas e aprovada pelas autoridades ambientais, e que a dragagem ainda não terminou. "Acredito que vá, sim, toda a estrutura vai resistir bem".

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