Descrição de chapéu Interior de São Paulo

Garoto de 12 anos sofre insultos racistas em torneio estudantil no interior de SP

Aluno foi chamado de 'macaco' e 'preto' por torcida de colégio adversário durante partida de futsal em Itatiba; escola responsável diz que tomou medida pedagógicas

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Diego Alejandro
São Paulo

Um garoto de 12 anos foi vítima de ataques racistas durante um torneio infantil e interescolar de futsal em Itatiba (a 84 km de São Paulo), na última terça (16).

Segundo relatou em comunicado o colégio Litteratus, onde o menino estuda, parte da torcida adversária teria se juntado atrás do gol, enquanto o aluno jogava como goleiro, e emitido insultos como "preto", "macaco" e "volta para seu país" —não foi informado, porém, se o estudante é estrangeiro.

O caso aconteceu durante uma partida com o colégio Elite Itatiba no Ginásio Municipal de Esportes José Boava. O juiz, ao ser avisado das ofensas, paralisou o jogo.

Procurado, o Elite afirmou lamentar o ocorrido e repudiar atitudes discriminatórias. Disse ainda ter tomado medidas pedagógicas em relação ao caso, sem especificar quais.

Espaço Esportivo Jonathan Tescarollo de Lucca no Parque Ferraz Costa, em Itatiba (SP)
Uma das quadras do Ginásio Municipal de Esportes José Boava, em Itatiba (SP), onde ocorreu o caso de racismo - Divulgação/Renato Jr./PMI

"Posturas como essas ferem os valores da instituição e não podem ser aceitas em hipótese alguma. Durante a competição, assim que as ofensas iniciaram, o jogo foi paralisado e todos alunos envolvidos foram advertidos por nossos professores e pela Comissão Organizadora. Já no ambiente escolar, tomamos medidas pedagógicas e disciplinares cabíveis em relação ao caso", afirma o colégio em nota.

A mãe do garoto alvo das ofensas registrou um boletim de ocorrência. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo foi questionada sobre o caso, mas não respondeu a reportagem até a publicação.

Em nota à Folha, a Prefeitura de Itatiba, que organizou o campeonato por meio da Secretaria de Esportes, afirmou que já havia captado clima hostil entre algumas torcidas em partidas anteriores e por isso convocou uma reunião na segunda-feira (15), véspera do ocorrido, entre representantes das dez escolas participantes. Os dois colégios envolvidos no episódio compareceram.

"Os esforços da Comissão Organizadora infelizmente não foram suficientes", declara a pasta. "Não é aceitável esse tipo de comportamento, que foi —inclusive— repudiado oficialmente em nota assinada pela Comissão Organizadora em dia posterior ao fato."

O órgão afirma ainda que entrou em contato com as escolas para entrar com providências "educacionais/administrativas cabíveis".

"Não podemos admitir que ainda hoje tenhamos que conviver com atos tão repugnantes como os que foram direcionados ao nosso atleta", diz o Litteratus. "Toda escola é formadora e educadora, e tem o dever moral e ético de repudiar veementemente qualquer manifestação de preconceito e discriminação."

Nota impressa do Colégio Litteratus, sobre o caso de racismo em Itatiba
Nota impressa do Colégio Litteratus, sobre o caso de racismo em Itatiba (SP) - Reprodução/@litteratusitatiba
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