Descrição de chapéu Interior de São Paulo

Imagens de satélite mostram cratera avançar sobre cidade do interior de SP

Com 300 metros de comprimento, a erosão segue em direção ao município de Lupércio; segundo a prefeitura, buraco surgiu em 2007

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Rio de Janeiro

Uma cratera gigantesca, com quase 300 metros de comprimento, cresce rumo a cidade de Lupércio, no interior de São Paulo. O buraco, que tem origens desconhecidas, foi registrado por imagens de satélite.

A erosão avança em direção à uma área residencial do município que fica a cerca de 100 quilômetros de Bauru e tem 3.981 habitantes.

Imagens de satélite mostram avanço de cratera sobre a cidade de Lupércio, no interior de São Paulo - Reprodução/Google Street View

De acordo com a Prefeitura de Lupércio, a cratera surgiu em 2007 em uma propriedade rural privada no extremo sudoeste da cidade, mas aumentou após as fortes chuvas na região.

Além dos 300 metros de extensão, o buraco tem aproximadamente 25 metros de largura e 15 metros de profundidade, conforme estima o município.

O geólogo Marco Moares explica que a cratera trata-se de uma ravina, ou voçoroca. "É uma depressão erosiva linear que é normalmente causada pela ação de águas superficiais (que não penetram no solo). São relativamente comuns nessa região, onde a geologia é caracterizada por rochas arenosas", disse o especialista, autor do livro Planeta Hostil —que fala sobre os impactos irreversíveis das ações do homem sobre o ambiente.

De acordo com Moares, a maior parte das voçorocas se originam devido ao desmatamento, que deixa o solo exposto e, consequentemente, mais suscetível à ação das águas superficiais que, ao encontrarem uma depressão ou outra irregularidade no terreno começam a escavar esses buracos.

No caso da cratera da cidade de Lupércio, o geólogo afirma que, pelas imagens de satélite, há pouco sinais de drenagem superficial na cabeceira. "Isso pode se dever à movimentação recente do solo ou implicar na ação de águas subterrâneas, que poderiam ter origem artificial –provindas do sistema de drenagem pluvial da cidade. Somente estudos geológicos no local poderiam elucidar essa questão", afirmou Moraes.

"Se for artificial, ou seja, por vazamento ou falha no sistema de drenagem pluvial da cidade, deve se fazer a obra de correção", avaliou o especialista.

O município estuda se o surgimento da cratera seria um problema decorrente de danos em uma galeria de águas pluviais. Segundo a prefeitura, o custo estimado para a obra é de cerca de R$ 3 milhões, o que seria inviável para a prefeitura arcar apenas com recursos municipais.

"Reconhecemos que a prefeitura sozinha não tem capacidade financeira para arcar com essa despesa sem comprometer outros setores vitais, como Saúde, Educação e demais serviços essenciais", disse, em nota.

De acordo com o geólogo Marco Moraes, se continuar a crescer, a voçoroca pode atingir a área urbana. "Se os agentes causadores do fenômeno [águas superficiais ou subterrâneas] continuarem a atuar, a voçoroca vai progredir, destruindo moradias e outras estruturas da cidade", afirmou.

"A evolução dessas feições erosivas é muito variável, pois dependem das características dos fenômenos que as causam. Mas uma taxa comum de erosão superficial é de alguns metros por ano, ou seja, dezenas de metros a cada dez anos", completou o geólogo.

O município disse que trabalha a possibilidade de desapropriação da área para avaliar os riscos e tomar maiores providências. "A prefeitura tem empreendido esforços para conter o avanço da erosão por meio de ações preventivas", disse.

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