Descrição de chapéu Obituário João Nelly de Menezes Regis (1928 - 2024)

Mortes: Introduziu o cultivo de uvas no sertão do São Francisco

João Nelly foi um dos responsáveis pelo sucesso da irrigação de frutas no interior nordestino

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Juazeiro (BA)

Antes mesmo dos projetos de irrigação no sertão do São Francisco, João Nelly já vislumbrava um futuro para a fruticultura na área. O agrônomo é apontado como responsável por introduzir o cultivo de uvas que deu fama à região.

Foi em uma viagem ao interior paulista que Nelly pegou as primeiras mudas de videiras para cultivar no Nordeste. "O pessoal dizia que ele era louco por querer levar uva para lá, que elas só se davam em lugar frio, e acabou se tornando um sucesso", diz o genro Marco Caviola, 64.

Atuando na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), também foi pioneiro em outros cultivos no sertão, como cebola, tomate e melão.

João Nelly de Menezes Regis (1928 - 2024)
João Nelly de Menezes Regis (1928 - 2024) - Alepe/Divulgação

Saiu da estatal no final da década de 1970, após uma passagem pela sede, em Brasília.

Empreendeu na cebola, mas uma cheia do rio São Francisco levou tudo. Depois, abriu uma empresa de engenharia de irrigação com um primo, pela qual fizeram centenas de projetos no Brasil e fora dele.

"Era um cara muito concentrado no trabalho. Adorava vinho e conversar sobre um pouco de tudo", afirma o genro.

Baiano, João Nelly de Menezes Regis nasceu em Lençóis, em 1928. Viveu os primeiros anos na fazenda do pai, mas saiu cedo de casa para estudar em um colégio interno em Campo Formoso (BA). Aos 14, foi para um colégio batista de Salvador.

Em 1948, ao ingressar na Escola de Agronomia da Bahia, em Cruz das Almas (BA), se apaixonou pela irrigação. Formado, foi trabalhar na então Comissão do Vale do São Francisco, hoje Codevasf.

Fez pós-graduação no Curso Intensivo de Engenharia Rural do Ceter, em São Paulo, e especializou-se no Soil Scientist Institute, na Universidade do Colorado e em River Basin Studies, no Buareau of Reclamation, ambos nos Estados Unidos.

Seu trabalho lhe rendeu títulos de Cidadão Petrolinense e Cidadão Pernambucano. E o auditório da Codevasf em Juazeiro (BA) leva seu nome.

De família presbiteriana, era muito religioso. Ia aos cultos e fazia pregações. Da mãe pianista, herdou o gosto pela música. Tocava piano e violão. Do pai farmacêutico, ficou com o interesse pela saúde. Estudou química e gostava de nutrição, inclusive criou uma ração humana que chamava "gororoba".

João teve oito filhos com Maria do Carmo, que conheceu ainda jovem em uma festa em Lagoa Grande (PE). Foram seis meses de namoro e um casamento que durou até seu último dia.

Morreu no dia 23 de fevereiro, aos 95 anos, em Salvador. Deixa a esposa Maria do Carmo, 89, e as filhas Eliene, Edla, Telma, Carla e Mariléa, além de 11 netos e seis bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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