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Ilhados pela enchente, moradores do interior do RS esperam por resgate

Candelária tem o maior número de desaparecidos do estado; em Encantado, nível do Rio Taquari sobe rapidamente e preocupa comunidade

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Helena Schuster
São Paulo

As chuvas intensas no Rio Grande do Sul continuam causando estragos e trazendo preocupação. Nesta quarta-feira (1º), subiu para dez o número de mortos. Ainda há 21 pessoas desaparecidas. Mais de 4.000 pessoas estão desabrigadas (dependem de abrigos públicos) ou desalojadas.

No Vale do Rio Pardo, o município de Candelária tem o maior número de desaparecidos contabilizados pela Defesa Civil. Oito pessoas estão desaparecidas e cerca de 100 estão ilhadas à espera de resgate. A cidade aguarda a chegada de aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira). O auxílio já foi acionado mas, em razão da instabilidade climática, ainda não foi possível realizar resgates.

Colchões com cobertas e travesseiros espalhados no chão de um ginásio esportivo. Uma pessoa é vista de costas caminhando entre as camas improvisadas.
Em Candelária (RS), prefeitura está abrigando pessoas atingidas pelas chuvas no Ginásio do Colégio Medianeira - 01 mai. 2024 / Prefeitura Municipal de Candelária

Na região da Linha do Rio, no interior do município, os familiares da dentista Paloma Capeletti, 27, estão entre os moradores ilhados. Pais, avós e dois irmãos mais novos estão esperando resgate há um dia. "Na medida do possível eles estão bem, mas não têm água potável, luz e comida. Eles estão psicologicamente muito abalados", afirma.

Paloma mora no centro da cidade, região menos atingida pela enxurrada, e tem conseguido manter algum contato com os familiares. Móveis, documentos, galpões e animais, como vacas, porcos e galinhas, estão entre as perdas já contabilizadas. "O prejuízo é grande, mas tenho certeza que vamos recuperar depois. O importante agora é estar bem e vivo", diz.

Ainda não há previsão de quando Paloma poderá encontrar a família, já que o acesso do interior ao centro está bloqueado. "Pelo que sei, as pessoas serão enviadas para a cidade de Vera Cruz. Por enquanto não temos como ver eles, o que é angustiante. Assim que tiver a possibilidade, vamos ficar juntos", diz.

O cenário é parecido em Encantado, no Vale do Rio Taquari, onde já houve uma morte causada pelas enchentes. Em menos de três horas, o nível do rio no município subiu mais de dois metros, chegando a 17m10 no último boletim da prefeitura. O poder público pediu para diversas comunidades evacuarem imediatamente suas residências.

Uma casa submersa pela enchente com apenas o telhado visível. Há árvores ao fundo e vegetação no primeiro plano.
Água cobriu totalmente uma casa em Encantado (RS), onde o nível do Rio Taquari ultrapassou os 17m nesta quarta-feira (1) - Prefeitura Municipal de Encantado

É a situação de familiares do roçador Leandro Santos, 41, que já deixaram suas residências e estão abrigados na casa dele. "A casa da minha sogra ficou de baixo d'água. Ela estava abrigada aqui em casa nas últimas duas enchentes e agora está aqui de novo. O que deu para salvar da casa dela a gente trouxe para nossa garagem", conta.

Ele afirma que a água entrou em sua casa em outras ocasiões, mas não causou muitos danos. Dessa vez, Leandro está usando um tonel para marcar o avanço da enchente. A família está esperando para decidir se será necessário deixar a residência. Ele diz que ainda não sabe para onde eles irão se a situação piorar. "A água está chegando aqui. Eu estou bem preocupado mesmo", diz.

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