Descrição de chapéu Obituário Ronilda Araújo dos Santos (1947 - 2024)

Mortes: Resgatou manifestações populares de Itapuã em Salvador

Ronilda Araújo dos Santos foi professora e farmacêutica na capital baiana

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Juazeiro (BA)

Nas quintas-feiras que antecedem o Carnaval de Salvador, o bairro de Itapuã tem suas tradicionais lavagens. A tradição do Bando Anunciador, criada há 119 anos, foi resgatada pela professora aposentada Nini há mais de 20. Antes de o Sol nascer, um grupo de mais de 500 pessoas sai de branco pelas ruas cantando ao som de uma fanfarra e pedindo paz para a folia.

Também foi Nini que, há 10 anos, retomou a realização do terno de reis do bairro. A tradição é realizada todo 6 de janeiro, com personagens que narram a história dos três reis magos nas portas das casas.

Na primavera, a aposentada realizava desfiles pelo bairro com participação das escolas. Em julho, criou o Baile da Chita, uma ressaca das festas juninas, onde todos vestem o tecido colorido.

Ronilda Araújo dos Santos (1947 - 2024)
Ronilda Araújo dos Santos (1947 - 2024) - Arquivo pessoal

Os custos eram cobertos por arrecadação em livros de ouro, bazares e bingos. "Ela trabalhava o ano todo. Cada ano que passava, ela se envolvia mais", afirma a sobrinha Maria Nazaré Purificação, 39.

Ronilda Araújo dos Santos nasceu em 1947, no mesmo bairro onde cresceu e viveu quase toda a vida. Era mimada por ser a mais nova entre as quatro filhas de Osvaldo e Emiliana, que também tiveram cinco meninos.

Quando criança, fazia bonecas com palhas das vassouras. Era a forma de ter brinquedos, já que os pais não tinham condições de comprar para todos. Nini era tímida e se divertia com suas criações atrás da porta.

Sua primeira atuação como professora foi em uma escola que fundou junto com duas irmãs, no mesmo terreno da casa onde cresceram. A mais velha já era formada no magistério e juntas alfabetizavam a comunidade.

Ronilda cursou ciências naturais na Universidade Federal da Bahia, onde também fez mestrado e graduação em farmácia.

Sua vida foi dedicada ao trabalho. Passava dois turnos nas escolas, onde foi professora e vice-diretora, até se aposentar. Era conhecida por incentivar os alunos a estudarem por meio de projetos.

No terceiro turno, atendia em uma farmácia. "Cresci vendo minha madrinha só vivendo para o trabalho. Depois que ela se aposentou foi que começou a se dedicar à igreja e a projetos culturais", diz a sobrinha.

Nini foi uma das fundadoras do Rotary Club de Itapuã, do qual foi diretora. Na instituição, atuou em projetos sociais, como a produção de cadeiras de rodas com lacres de cerveja, distribuição de álcool em gel durante a pandemia e mutirões de limpeza nas praias.

Morreu no dia 16 de abril, aos 76 anos, após uma parada cardiorrespiratória. Deixa o filho Ibanez, 45, duas netas, seis irmãos e 23 sobrinhos, além de eternos alunos e brincastes em Itapuã.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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