Polícia pede quebra de sigilo bancário de suspeitas de matar empresário com brigadeirão envenenado

OUTRO LADO: Júlia diz que irá colaborar com investigação, e Suyany nega envolvimento no caso; ambas estão presas

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Rio de Janeiro

A Polícia Civil vai pedir nesta quinta (6) a quebra do sigilo bancário de Júlia Cathermol Pimenta, 29, e Suyany Breschak, 27, que estão presas suspeitas de envolvimento na morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, 49. Também será solicitada ao Judiciário a quebra do sigilo do telefone apreendido com Suyany no momento de sua prisão, no dia 28 de maio. A informação foi dada pelo delegado do caso, Marcos André Buss.

Júlia se entregou à polícia e foi presa na terça (4), após passar oito dias escondida em um hotel no centro do Rio de Janeiro, onde se hospedou com identidade falsa. No período em que esteve foragida ela também passou pela Região dos Lagos, onde mora sua família.

Júlia Andrade Cathermol, 29, e Luiz Marcelo Ormond, 49, se beijam em elevador. Ele segura o brigadeirão que, segundo a polícia, estaria envenenado - Reprodução / TV Globo

Suyany, que se identifica como cigana e diz trabalhar com limpeza espiritual, nega participação no caso. Já a defesa de Júlia afirmou que ela vai colaborar com a Justiça.

O empresário namorava Júlia havia cinco meses. Ele foi encontrado morto no sofá do apartamento em que morava no Engenho Novo, zona norte do Rio, no dia 20 de maio; o corpo já estava em avançado estado de decomposição.

Com a quebra do sigilo bancário a polícia pretende descobrir há quanto tempo Júlia realizava pagamentos a Suyany e se outros homens foram vítimas da dupla.

Em seu depoimento, Suyany afirmou que Júlia lhe devia R$ 600 mil devido a trabalhos espirituais em que ela teria sido mentora. Disse ainda que a dívida era quitada com pagamentos de R$ 5.000 mensais.

Ainda de acordo com Suyany, a dívida era referente à "limpeza espiritual para que familiares, e (ex) namorados não descobrissem a vida de Júlia como garota de programa e também para atrair mais clientes", diz trecho de seu depoimento.

A investigação tenta descobrir se Suyany seria foi mentora intelectual da morte de Ormond e se teria partido dela a ideia de envenenar o namorado de Júlia, que segundo parentes seria controlada emocionalmente por Suyany. As duas têm uma relação de pelo menos 12 anos.

O padrasto de Júlia, que é policial civil aposentado, afirmou em depoimento que a enteada confessou ter praticado o crime após ter sido ameaçada por Suyany.

Segundo ele, "Júlia contou para a mãe que foi induzida por uma 'feiticeira' a fazer uma besteira; que segundo Júlia, ela teria feito o que fez porque essa feiticeira iria matar, através de feitiço, o declarante, a mãe da Júlia, o namorado Jean e a família dele; que Júlia disse acreditar que tal feiticeira iria matar seus familiares por meio de trabalhos e feitiços" —além de Ormond, Júlia tinha outro namorado, segundo as testemunhas, e ambos pretendiam se casar.

Ainda segundo o padrasto de Júlia, ele dava dinheiro para a enteada e há cerca de um mês transferiu R$ 60 mil para a conta dela. A quantia, segundo ele, seria para investimento em um fundo. Júlia, no entanto, confessou que ter dado toda a quantia a Suyany.

A mãe de Júlia, por sua vez, disse à polícia que a filha acreditava em tudo o que Suyany lhe dizia, como doenças familiares inexistentes.

Envenenamento foi tentado outras vezes

Também nesta quinta a polícia recebeu a confirmação do IML (Instituto Médico Legal) de que morfina fora encontrada no estômago de Ormond, junto a outras medicações e um líquido marrom, que seria o brigadeiro.

A polícia diz acreditar que Júlia o tenha envenenado com comprimidos de morfina e outros remédios que foram moídos e colocados dentro do brigadeirão.

O envenenamento, de acordo com a polícia, teria ocorrido de forma lenta, mas uma dose maior teria sido administrada no dia 17 de maio. Isso porque imagens de câmeras de segurança do prédio mostram o casal descendo ao playground pelo elevador com o doce e cervejas, às 17h04. Às 17h47, imagens mostram o casal retornando ao apartamento, e a vítima já aparentava não estar bem.

Testemunhas como o porteiro do prédio e uma amiga de Ormond afirmaram que o empresário estava havia dias com a fala lenta e que chegou a dizer que usava medicação para controle de pressão.

A polícia diz acreditar que Júlia tenha ficado pelo menos três dias com o cadáver de Ormond no apartamento, enquanto levava bens e esperava por um cartão de crédito da conta conjunta que tinham aberto. Nesse período ela também tentou transferir o carro do empresário para o seu nome.

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