Inteligência da PM monitora denúncias de interferência do PCC nas eleições em SP

Crime organizado estaria financiando campanhas de candidatos no estado, afirma coronel

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Recife

A Inteligência da Polícia Militar de São Paulo monitora denúncias de envolvimento da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no financiamento de campanhas nas eleições municipais deste ano.

A informação foi dada nesta quinta-feira (15) pelo coronel Pedro Luís de Souza Lopes, chefe de inteligência da PM paulista, durante o 18° Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, realizado nesta semana no Recife.

"A gente monitora ou tem ações de monitoramento de alvos críticos sensíveis do crime organizado. Essa monitoração nos dá informação, hoje, de que essa situação, esse estado de coisas está efetivamente acontecendo", disse Lopes.

PCC em pichação em Joinville (SC) - Avener Prado - 28.nov.2017/Folhapress

Lopes afirmou que a interferência do PCC nas eleições é muito maior do que ele imaginava.

"Nós temos recebido bastante material. [A interferência] é muito maior do que eu imaginava. Não dá para falar que são 100, 200 municípios, mas tem vários municípios com indícios palpáveis de que já há alguma movimentação importante do crime para participar como financiador de campanha eleitoral", afirmou.

O método de financiamento não é novidade. Empresas de fachada com relação estreita com o crime organizado patrocinam campanhas para reaver o dinheiro depois, cobrando do candidato eleito vitórias em processos de licitação, por exemplo.

De acordo com o coronel, quanto menor a cidade, mais vulnerável ela se torna ao crime, devido às suas condições financeiras. Lopes disse não ter informações sobre interferência do PCC em campanhas na capital, mas diz que a corporação monitora denúncias em outras cidades do estado.

O monitoramento de possíveis casos ocorre sempre após solicitação de órgãos com atribuição investigativa, como o Ministério Público e as polícias Federal e Civil.

Finalizado o monitoramento, o caso pode ser convertido em processo e enviado à Justiça.

Segundo Lopes, recentemente houve um encontro entre policiais da inteligência e funcionários do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para conversarem sobre o tema e planejarem ações não apenas para o dia do pleito, mas durante todo o processo eleitoral.

"Para garantir o direito de todos de exercerem em plenitude o direito de campanha", disse.

"Como já tem essa notícia de eventual interferência criminosa em algumas regiões, a polícia se reuniu com o Tribunal Regional Eleitoral já para antecipar que a gente está atento e monitorando e orientando o policiamento para garantir, por exemplo, a livre circulação de todos os candidatos em todas as localidades do estado", acrescentou Lopes.

O jornalista viajou a convite do 18° Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

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