Descrição de chapéu Obituário Expedito Machado de Carvalho (1945 - 2024)

Mortes: Foi compositor de sucessos como 'Ilariê' e 'Dança da Cordinha'

Dito Machado dominou as paradas de sucesso do país, mas não gostava de holofotes

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Juazeiro (BA)

Dificilmente há alguém que viveu os anos 1980 e 1990 no Brasil e não tenha ouvido uma das composições de Dito Machado. Da sua mente eclética, saíram sucessos que vão do samba ao pagode, passando pela axé-music e hits infantis. Entre as vozes que deram vida às suas letras estão Alcione, Jair Rodrigues, Xuxa e Bell Marques.

É dele canções que fizeram todo mundo dançar no balanço do grupo baiano É o Tchan, como "Bambolê", "É o Tchan no Havaí", "A Nova Loira do Tchan" e muitos outros. "Dança da Cordinha", lançada em 1996, até hoje anima festas por todo o país.

Seu talento também virou sucesso entre as crianças, muitas pularam ao som de "Ilariê", da qual é um dos compositores. Até hoje uma das músicas mais famosas da Xuxa, foi lançada em 1988 e ficou 20 semanas em primeiro lugar nas paradas de sucesso do país. A canção também ganhou versões internacionais.

Um homem idoso com barba branca e óculos escuros está sentado em uma escada de praia. Ele está sem camisa e usa um boné preto. O homem está sorrindo e acenando com a mão. Ao fundo, há pessoas e guarda-sóis coloridos na praia, com um céu azul e algumas nuvens.
Expedito Machado de Carvalho (1945 - 2024) - Arquivo pessoal

Expedito Machado de Carvalho nasceu em Salvador, em 1945. Foi em festivais de música da Bahia que começou a carreira. E, durante muitos anos, viveu no Rio de Janeiro.

Seu encontro musical com Tom da Bahia rendeu muitos sambas. O primeiro álbum da dupla "Tom e Dito" foi o "Obrigado Corcovado", lançado em 1971. O quarto projeto, lançado dez anos depois, marcou o fim da parceria nos palcos.

Os dois também criaram juntos, por encomenda, a música tema do seriado "A Grande Família", da Rede Globo entre 2001 e 2014, interpretada por Dudu Nobre.

De hábitos simples, era comum ver Dito passear pela capital baiana sempre de bermuda jeans, camisa branca e chinelo. Sua rotina era tomar café na padaria logo cedo, almoçar em um restaurante do bairro e frequentar o centro espírita aos domingos.

Muito caseiro, falava que não se sentia bem em outros lugares, por isso se afastou dos palcos. Ficar longe dos holofotes, mesmo sendo dono de músicas conhecidas em todo o país, inclusive o tornava um grande mistério. O músico nem de fotos gostava.

"Boêmio do dia, Dito sempre foi artista. Era de poucos amigos, mas muito fiel aos que tinha. Fazia piada de tudo, até dos seus próprios problemas", diz o radialista Adailton Santiago, 52.

Um de seus programas favoritos era ir à praia. Inclusive, foi na de Piatã, há mais de 24 anos, que conheceu a companheira dos últimos anos, Ana Rita, que trabalhava em uma das barracas. Moraram juntos nos últimos 11 anos.

"Era uma figura de muitas histórias e tinha uma facilidade de fazer música com tudo. Às vezes, estávamos em uma conversa e ele começava a escrever", diz Ana Rita de Jesus, 40.

Dito tinha 78 anos e, mesmo com o avançar da idade, era lúcido e ainda produzia bastante.

Morreu em casa, no dia 17 de julho, após um mal súbito no banheiro. Deixa a companheira Ana Rita e dezenas de canções eternizadas na memória brasileira.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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