Descrição de chapéu USP violência

Alunos reclamam de escuridão na USP após tentativa de estupro, e gestão responde com poda de árvores

OUTRO LADO: Prefeita da Cidade Universitária diz que galhos atrapalham a visão e que pretende reformar sistema de iluminação

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Mulher em ponto de ônibus nos arredores da praça do Relógio da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo - Rafaela Araújo / Folhapress

São Paulo

Uma estudante da USP (Universidade de São Paulo) denunciou uma tentativa de estupro no último dia 21 de agosto. Segundo o boletim de ocorrência, registrado no 91º DP (Ceagesp), a jovem de 23 anos foi agarrada na Praça do Relógio às 19h45 por um homem portando simulacro de pistola. Ela gritou, e o suspeito fugiu.

A polícia encontrou a arma falsa a poucos metros dali e a encaminhou para perícia. O agressor ainda não foi encontrado.

O caso incentivou uma série de protestos sobre a segurança na Cidade Universitária, no Butantã, zona sul paulistana. Os estudantes reclamam da falta de guardas rondando os espaços e, principalmente, da iluminação precária.

Área da Praça do Relógio, na Cidade Universitária, em São Paulo - Rafaela Araújo/Folhapress

A prefeitura do campus diz estar trocando as lâmpadas, mas haver necessidade de reforma em todo sistema. Enquanto isso não é feito, a solução aplicada será a poda de árvores.

"Estamos trabalhando sem cessar para melhorar a iluminação do campus. Entretanto, pela quantidade de lâmpadas que queimam, precisamos fazer um retrofit total do sistema. Este projeto foi contratado e será entregue agora no final de setembro", diz a arquiteta Raquel Rolnik, prefeita da Cidade Universitária.

Já sobre as podas, a ideia, explica Rolnik, é retirar galhos que encubram luzes e dificultem a visão dos estudantes e da equipe de segurança da universidade.

Para o DCE (Diretório Central dos Estudantes) Alexandre Vannucchi Leme, representante dos alunos na USP, a medida proposta pela instituição é paliativa.

Dada a situação, a entidade instrui os estudantes do período noturno a não caminharem sozinhos e usarem um dos aplicativos da universidade, o Campus USP, com diversas funções de segurança. Dentre elas, chamar a guarda universitária em casos de emergência.

Dados coletados pela universidade mostram um aumento no número de crimes praticados nos arredores de suas unidades de ensino. No caso dos roubos, foram 67 de janeiro a junho deste ano. Em todo 2023, houve 58. Muitas das ocorrências são registradas no horário de saída noturno (22h30) e em locais próximos aos portões de saída.

A USP contabiliza um caso de estupro em sua série histórica, iniciada em 2014. Ele ocorreu em julho de 2015. A vítima do ataque no último dia 21 foi acolhida pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento e está sendo acompanhada por uma assistente social. Seu nome é mantido em sigilo.

São constantes relatos de importunação e investidas sexuais a mulheres nas dependências da Cidade Universitária. Grupos das faculdades e a ouvidoria da instituição recolhem esses relatos —desde 2020, o órgão investigou 17 casos.

Em maio de 2022, durante um apagão, a estudante Halley Becegato, 25, afirmou ter sido abordada por um homem próximo ao prédio da FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária).

"Ele disse para a gente aproveitar que estava escuro, que ninguém veria, disse para sentir ele. Quando ele falou sobre o órgão sexual dele, eu comecei a correr", relatou a estudante de ciências moleculares na época.

A reportagem esteve na USP durante a noite de sexta-feira (6). Era difícil caminhar por alguns locais ou enxergar o horizonte pela baixa luminosidade. Lâmpadas inoperantes ou piscando estavam por todos os lados. A situação é pior nas faculdades mais isoladas, assim como na Praça do Relógio. As árvores não atrapalhavam a visão.

Num intervalo de duas horas, somente uma viatura da guarda foi encontrada fazendo ronda. Outras três estavam estacionadas na sede da Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária.

Como denunciar casos de violência e assédio na USP

Aos que se sentem ameaçados ou sofreram alguma violência no campus, a universidade disponibiliza canais para denúncia. A gestão destaca ser preciso denunciar também à polícia e realizar o boletim de ocorrência, cuja cópia poderá ser adicionada aos autos da sindicância interna.

Para formalizar a denúncia, o estudante deve comunicar o ocorrido à diretoria da unidade a que está vinculado, oralmente ou por escrito. O ideal é comunicar o maior número de detalhes possível, inclusive com a indicação de eventuais testemunhas.

Há ainda outras formas de pedir ajuda:

  • Denunciar paralelamente à ouvidoria geral da USP;
  • Informar a guarda universitária ou seguranças ao se sentir ameaçado;
  • Em casos de emergência, os telefones da guarda são: (11) 3091-3222 e (11) 3091-4222.
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