Com 27 laboratórios, Senac será gigante no extremo leste de SP

Empreendimento voltado à profissionalização teve investimento de R$ 98 mi

O Senac escolheu São Miguel Paulista, no extremo leste de SP, para construir sua maior unidade no Estado

O Senac escolheu São Miguel Paulista, no extremo leste de SP, para construir sua maior unidade no Estado Marcus Leoni/Folhapress

Jairo Marques
São Paulo

Um grafite de 14 metros de altura da cangaceira Maria Bonita, assinado pela artista Rita Wainer, destaca-se em uma ampla área de convívio com árvores nativas por onde passarão, a partir de março, milhares de estudantes em busca de educação profissionalizante e aperfeiçoamento de habilidades técnicas.

A maior e mais diversificada unidade do Senac-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) está às vésperas de abrir suas portas em São Miguel Paulista, no extremo leste de São Paulo, onde pretende levar impacto educacional e de oportunidades para a carente região -com fortes traços da tradição nordestina e população estimada em meio milhão de pessoas.

O investimento foi de R$ 98 milhões na unidade, que demorou quase quatro anos para ser concluída -a estrutura física completa é de 29 mil m².

A escola conta com uma biblioteca aberta ao público com capacidade para 20 mil itens, 27 laboratórios equipados com materiais de ponta, auditório para 200 pessoas e jardins suspensos, além de estúdios de rádio e TV. Nos intervalos, os funcionários vão poder descansar em uma sala de relaxamento.

Cerca de 25 mil alunos, sendo 80% deles com bolsa de estudos integral, vão passar pela unidade todos os anos para treinamentos em gastronomia, moda, estética, tecnologia da informação, comunicação e artes, hotelaria e turismo, design, saúde e bem-estar, entre outras áreas.

"O melhor do Senac foi colocado aqui. Tudo é de primeira qualidade. Acreditamos que o espaço também educa, mas a proposta pedagógica precisa ser tão importante e bem estruturada quanto o nosso prédio", afirma Sérgio Silva, gerente da nova unidade de ensino.

ARTE E INCLUSÃO

A estrutura da instalação, assinada pela arquiteta Adriana Blay Levisky, é formada por três grandes blocos, cada um com cinco andares e identidades visuais diferentes.

Eles são interligados por uma área ajardinada com pés de jaca, manga, pitanga e jaboticaba que já estavam no terreno e foram preservados.

"Entre os temas principais que nortearam esta pesquisa [o projeto] e que se refletiram na concepção arquitetônica do espaço estão flexibilidade espacial, estímulo à criatividade e ao lúdico, funcionalidade, durabilidade e integração entre o espaço público e o privado", declara Levisky.

No átrio central, com uma cúpula de vidro no topo, foi instalada uma obra do projetista de luminotécnica Guinter Parschalk, que pode ser visualizada de todos os andares do bloco principal.
Um móbile composto por peças retangulares de policarbonato translúcido e colorido fica como se flutuasse ao longo do pé direito de 25,5 metros de altura.

Ao longo da escola estão dispostas esculturas e outras obras de arte e há espaços reservados para exposições artísticas, educacionais, fotográficas e culturais.

Várias das atividades serão abertas ao público geral -a unidade está a 30 km do centro de SP (de transporte público, cerca de uma hora e meia).

"Acreditamos que essa nova unidade deve atingir direta e indiretamente até 1,3 milhão de pessoas tanto do bairro como de locais ao redor. Queremos ser palco de uma cultura de paz, com mente e coração abertos, para um lugar que enfrenta questões de violência", diz o diretor.

Para amenizar o ruído que vem da movimentada avenida Marechal Tito, as janelas das salas que ficam de frente à via receberam um tratamento acústico especial. A iluminação e a ventilação naturais foram privilegiadas.

Tanto as salas de aula, que contam com painéis digitais em vez de lousas, como os espaços de aprendizado prático foram erguidos para dar conta de demandas profissionais distintas e respeitando princípios de acessibilidade, com mobiliário e equipamentos acessíveis.

Quando for necessário, intérpretes de libras estarão nas salas para dar suporte a alunos surdos, assim como material em Braile para cegos.

Segundo o gerente da nova unidade, a capacitação de pessoas com deficiência é meta da organização.

VITRINE

Alunos dos cursos que envolvem moda, modelagem, confecção e beleza vão contar com um laboratório que dispõe de uma vitrine especialmente iluminada que possibilita ser apreciada por quem passa na rua, do lado de fora do prédio.

"Alunos de diversos cursos vão poder exibir seus trabalhos de maneira prática. É a única unidade com essa novidade", afirma o gerente.

Também chamam a atenção os laboratórios que simulam as instalações de um hotel e de um bar e um outro que dispõe de todo o aparato de uma cozinha industrial, atendido por um elevador de cargas privativo, que conduz os produtos alimentícios de câmara fria, que fica no subsolo, para as aulas práticas.

A oferta de cursos e capacitações da escola vai levar em conta demandas da região. Assim, pode haver oficinas específicas de culinária nordestina ou de formação de garçons e atendentes.

Espera-se também grande demanda por formação em cursos de beleza e estética. Em um dos laboratórios da área, há 15 posições de trabalho que podem atender 50 alunos simultaneamente.

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