Descrição de chapéu febre amarela

Enfrentando a febre amarela

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Crédito: Ronny Santos/Folhapress SÃO PAULO, SP, BRASIL, 23-01-2018 - SENHA PARA VACINA FEBRE AMARELA - Agentes de Saúde entregam senhas para Maria Helena de Oliveira, 53 anos, e conceição Aparecida de Sousa, 55 anos. Prefeitura de SP vai distribuir senhas em domicílios para vacina fracionada da febre amarela. (Foto: Ronny Santos/Folhapress, CIDADES) ***EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
Agentes de saúde de São Paulo entregam senhas a moradores para vacinação de febre amarela

É compreensível que o temor do desconhecido leve as pessoas a atitudes impensadas, por vezes irracionais. Esse fato ajuda a explicar a corrida pela vacina contra a febre amarela nos postos de saúde da cidade de São Paulo e da região metropolitana neste início de ano.

Pessoas para as quais a vacina é sabidamente contraindicada se arriscaram por uma dose, e houve quem saísse do centro urbano, onde o vírus não circula, para ir a Mairiporã, principal foco de transmissão silvestre da doença, tentar ser imunizado. Na busca por proteção, muitos se expuseram ao risco de serem infectados.

O enfrentamento da febre amarela em São Paulo vem sendo realizado de forma planejada e coordenada, há dois anos. Desde o surgimento dos primeiros casos em Minas Gerais, o secretário paulista de saúde, David Uip, mobilizou as áreas técnicas de controle de doenças da pasta para um trabalho de varredura dos corredores ecológicos.

Os agentes da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) adentraram as matas do Estado para monitorar os vetores da doença. A Vigilância Epidemiológica redobrou as atenções sobre as epizootias (adoecimento ou morte de primatas não humanos), e houve intensificação da vacinação.

A partir da confirmação de óbitos de macacos por febre amarela, a secretaria, em parceria com os municípios, foi estendendo a imunização dos paulistas. Essa estratégia começou pela região de São José do Rio Preto e depois abrangeu as regiões de Ribeirão Preto, Campinas, Jundiaí, Alto Tietê e, por fim, cidades da Grande São Paulo e a zona norte da capital paulista.

Somente em 2017 foram vacinadas contra a febre amarela, no Estado de São Paulo, 7 milhões de pessoas. Isso representa quase o mesmo número de doses aplicadas entre 2007 e 2016. Sem contar, ainda, as pessoas imunizadas antes desse período, com dose única que, conforme revelam pesquisas recentes, protege para a vida toda.

A capacidade de produção da vacina por Biomanguinhos (RJ) é limitada. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu fracionar as doses que serão aplicadas até 17 de fevereiro em uma campanha inédita programada para os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

A vacina fracionada contém 0,1 ml e, com isso, é possível quadruplicar o número de imunizados. As doses plena e fracionada têm a mesma eficácia. No caso da fracionada, a ciência já comprovou que ela oferece proteção por pelo menos oito anos.

Em São Paulo, a campanha atinge 20 distritos da capital paulista e outros 53 municípios. Trata-se de uma ação preventiva, já que, embora o vírus da febre amarela não circule nessas localidades, elas são consideradas áreas receptivas, passíveis de transmissão da doença no futuro. A expectativa é imunizar 9,2 milhões de pessoas em 20 dias.

Até o fim de 2018 a meta do governo do Estado é vacinar toda a população paulista. Isso é, todos aqueles que podem receber a vacina. Essa estratégia já havia sido definida no ano passado. A imunização será feita de forma gradativa, respeitando-se o critério de risco.

Paralelamente à vacinação, o Estado mobilizou seus hospitais para garantir assistência especializada aos casos graves de febre amarela. Em janeiro, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em feito mundial inédito, fez o primeiro transplante de fígado por complicação de febre amarela. É uma alternativa terapêutica que se mostra promissora.

São Paulo tem atuado de forma incessante e firme para enfrentar a febre amarela, e esse trabalho não começou agora. O momento é de preocupação, mas também de serenidade, e não há motivo para permanecer horas em uma fila para tomar a vacina.

MARCOS BOULOS, médico infectologista, é coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

REGIANE DE PAULA, biomédica, é diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo

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