Acostumados a usar o smartphone para quase tudo, jovens recém-saídos do ensino médio têm optado com mais frequência por cursar o ensino superior a distância.
Apesar de tradicionalmente os alunos de EaD serem mais velhos do que no ensino presencial, essa diferença está diminuindo. Segundo estudo da consultoria educacional Hoper, a maioria dos novos alunos de graduação a distância tinha 27 anos em 2016 —três a menos que em 2011, quando a idade mais frequente era 30.
Faculdades notam a mudança. Na Cruzeiro do Sul Virtual, houve um aumento de dez pontos percentuais nas matrículas de alunos com menos de 25 anos no primeiro semestre de 2018 em relação a 2016.
“Os jovens veem a EaD como um caminho natural. Eles não usam caderno, anotam no smartphone e exigem uma tutoria que funcione no timing do WhatsApp”, diz João Vianney, consultor da Hoper.
Para Vianney, a crise é outro fator que tem favorecido a procura, porque as mensalidades de cursos a distância podem ser até 60% mais baratas que as de presenciais.
Ele não vê a falta de socialização presencial como um problema. “A interação também ocorre no mundo virtual.”
Estudante de gestão de recursos humanos a distância, Aline Gonçalves, 20, criou um grupo no WhatsApp para conversar com os colegas. “Acho que não vamos nos conhecer pessoalmente, mas não sinto falta de laços presenciais. Convivo com gente o dia todo.”
Ela optou pelo EaD para conciliar a faculdade com um curso técnico e diz que sempre se imaginou estudando assim. “Tenho o perfil para isso.”
Segundo Ivete Palange, conselheira da Associação Brasileira de Educação a Distância, as instituições estão acompanhando os estudantes de perto. “As faculdades verificam se a pessoa está entrando na plataforma, telefonam.”
Isso é importante para os jovens. “A EaD concorre com a vida do sujeito. É preciso ajudá-lo a construir uma rotina.”
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