As escolas militares foram poupadas dos cortes que atingem os gastos do governo, sobretudo na Educação. O modelo é frequentemente elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).Essas unidades são ligadas ao Comando do Exército, cujo orçamento é vinculado ao Ministério da Defesa.
Os R$ 12,5 milhões reservados para o ensino nas escolas militares não foram bloqueados por causa do decreto de contingenciamento do governo federal. Os dados são do Siop (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo), extraídos nesta quinta-feira (7).
São 13 as escolas ligadas ao Exército. Elas reservam vagas para familiares de militares e fazem seleção de alunos para ingresso, o que garante estudantes de nível socioeconômico muito alto e explica parte do bom resultado alcançado por essas unidades.
Enquanto os colégios militares são poupados, as instituições ligadas ao MEC (Ministério da Educação) tiveram forte corte. Os bloqueios na pasta atingiram R$ 7,3 bilhões. Vão da educação infantil à pós-graduação.
As universidades federais tiveram até agora 30% dos recursos discricionários congelados, o que representa um corte de R$ 2 bilhões. Além de manterem relação com a formação de professores, importante para a educação básica, as várias universidades mantêm escolas de aplicação que são referência no país, como a de Viçosa (MG).
Já os institutos federais, especializados em ensino técnico, tiveram um bloqueio de R$ 877 milhões, equivalente a 33% dos recursos discricionários. Reportagem da Folha mostrou que as escolas militares e institutos federais com o mesmo perfil de alunos têm desempenho similar.
Em audiência no Senado, o ministro da Educação, Abrahm Weintraub, comentou o assunto. "Eles optaram porque o volume é mais baixo, nesse momento eles tomaram essa decisão", disse ao ser questionado por senadores.
Apesar de ter poupado os colégios militares, o Ministério da Defesa também teve um alto contingenciamento. Foram bloqueados R$ 5,1 bilhões, referentes a 37% do orçamento autorizado para a pasta.
Os recursos da rubrica de Prestação de Ensino e Pós-Graduação do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), de R$ 3,2 milhões, também foram poupados. Já o orçamento do IME (Instituto Militar de Engenharia) sofreu impacto. Dos R$ 10,1 milhões autorizados, R$ 1 milhão (10%) estão bloqueados.
A Folha procurou o ministério da Defesa mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem. O Comando do Exército informou que a demanda havia será respondida pelo Departamento de Educação e Cultura do Exército.
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