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Alunos de escolas de SP buscam soluções para problemas do mundo real

Projetos incluem construção de cisterna em colégio e centro comunitário no Piauí

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São Paulo

Mais do que estimular seus alunos a criar, colégios de São Paulo os incentivam a usar suas ideias para melhorar o ambiente escolar ou espaços da sociedade. Para isso, utilizam como base disciplinas regulares e viagens de estudo do meio.

É o caso do Lourenço Castanho, na zona sul, onde os alunos do oitavo ano têm, quinzenalmente, aula num laboratório de criação. 

Ali, os estudantes são estimulados a resolver problemas reais do colégio. Uma solução criada em 2015, por exemplo, é usada até hoje. Na época, quando o estado passava por crise hídrica, alunos desenvolveram uma cisterna com capacidade para 1.200 litros.

Rafael Aronis, 18, aluno do terceiro colegial do Lourenço Castanho, durante atividade no laboratório da escola
Rafael Aronis, 18, aluno do terceiro colegial do Lourenço Castanho, durante atividade no laboratório da escola - Keiny Andrade/Folhapress

“O projeto foi pensado e construído pelos estudantes. Nisso entraram várias disciplinas. Eles estudaram o ciclo da água antes de fazer a cisterna”, afirma Rodrigo Lemonica, professor de tecnologia.

O trabalho foi feito por Rafael Aronis, 18, e Eduardo Mangini, 17, que hoje estão no terceiro colegial. “Essa água é utilizada na escola para limpar o piso, por exemplo. É água de reúso, assim diminuímos o gasto”, diz Eduardo.

Hoje, os alunos do ensino médio da Lourenço têm um projeto de sensores que também ajuda a escola a economizar. Desta vez, energia elétrica.

São sensores de proximidade: você chega perto, a luz se acende; você se afasta, ela se apaga, demonstra Regina Fernandes, professora de tecnologia responsável pelo projeto.

Já na escola bilíngue Aubrick, também na zona sul, a turma do sexto ano é estimulada a propor soluções para problemas da escola numa disciplina chamada “global perspective”.

Os estudantes, conta o professor da área, Felipe Baracho, pesquisam com as outras turmas e criam gráficos para comprovar que o problema percebido afeta o colégio.

A ideia existe desde 2017 e, a partir desse ano, o melhor projeto, escolhido pela coordenação da escola, deverá ser implementado. Ideias já apresentadas incluem um piso tátil, rampas nas escadas para facilitar o transporte das malas e soluções para diminuir a fila na cantina.

Há também iniciativas além-muros. No caso do Colégio Santa Cruz, um projeto de melhoria ocorre bem longe da escola da zona oeste de São Paulo. Fica nas cercanias do Parque Nacional da Serra da Capivara, no interior do Piauí.

A escola vai à região com as turmas de nono ano para fazer estudo do meio: exploram o parque, conhecido por suas pinturas rupestres, e interagem com as comunidades que vivem perto dele.

É comum, segundo Joana França, diretora, que os alunos ajudem financeiramente a administração do parque depois da visita, mas a turma que foi ao Piauí em 2017 acabou desenvolvendo uma iniciativa mais ousada.

Os estudantes, que conheceram uma comunidade quilombola chamada Lagoa das Emas, resolveram ajudar a construir um centro comunitário no local, carência identificada por eles em conversa com os moradores.

Mas não se trata apenas de doar dinheiro, conta Helena Werneck, 17, uma das alunas à frente do projeto. 
“Arrecadamos dinheiro fazendo bazares, vendendo coisas na festa junina da escola e organizando festivais de música, mas também fomos atrás de um arquiteto, ex-aluno do Santa Cruz, e construímos o projeto junto com a comunidade, o que é importante”, afirma ela, que voltou ao local no ano passado. 

Além de participar e opinar sobre como o centro seria mais bem aproveitado por eles, os moradores locais também fornecerão sua mão de obra para a construção, que deve começar ainda neste ano. Ao todo, os alunos conseguiram juntar R$ 120 mil.

Iniciativa parecida acontece no Pueri Domus, onde os alunos do oitavo ano têm a disciplina de empreendedorismo social uma vez por semana. Depois de aprenderem conceitualmente o que é o termo que dá nome à aula, os estudantes vão a campo.

Neste ano, reformaram os espaços externos de um centro de integração ligado à Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) em Extrema (MG), para onde foram duas vezes: uma para conhecer a instituição e outra para fazer as benfeitorias.

“Eles organizam todo o projeto e são livres para usar qualquer estratégia, menos comprar material ou qualquer outra coisa. Têm de usar conceitos de empreendedorismo que aprenderam para conseguir contatos e doações”, diz o professor Giuliano Rossini, que ministra a disciplina.

No dia, são os próprios estudantes que trabalham na realização da benfeitoria. A iniciativa existe no Pueri Domus há oito anos.

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