Descrição de chapéu Vestibular no meio do ano

Durante pandemia, cursinhos oferecem até apoio psicológico e aulas de ioga remotas

Instituições recomendam que estudante siga rotina, mas permitem flexibilidade nos horários

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São Paulo

Em tempos de isolamento social, cursinhos pré-vestibular oferecem remotamente, além das aulas, apoio psicológico e ioga aos alunos. Isso é parte da estratégia das instituições para mantê-los engajados durante a pandemia de Covid-19.

Segundo Vera Lúcia de Castro Antunes, coordenadora do cursinho do Objetivo, algo importante para que os alunos consigam se concentrar e estudar de casa é oferecer aulas virtuais no mesmo horário das presenciais.

“É fundamental a aula começar às 7h10, ter intervalo e terminar 12h50, como fazemos normalmente. Isso ajuda muito para que eles sejam disciplinados”, afirma.

Emile Bbarbara, 20, aluna do cursinho Anglo, que está estudando a partir de sua casa, na zona oeste de SP
Emile Bbarbara, 20, aluna do cursinho Anglo, que está estudando a partir de sua casa, na zona oeste de SP - Keiny Andrade/Folhapress

Os professores foram capacitados para lidar com a situação, já que nem todos tinham expertise em ensinar conteúdo remotamente.

“Também é um aprendizado para eles. No começo não foi fácil para alguns, mas eles evoluíram. Tem professor que até comemora quando a aula dá certo”, conta ela.

Uma vantagem do modelo, de acordo com Vera, é que alunos tímidos se sentem mais à vontade para fazer perguntas no ambiente virtual.

No Etapa, o horário das atividades é flexível. Como são gravadas, as aulas ficam disponíveis para os alunos assistirem quando quiserem.

“Tem gente que divide o computador, então demos essa opção, aí vimos inclusive que muitos acessam as gravações de madrugada”, afirma Marcelo Fonseca, coordenador-geral da instituição.

O Etapa tem uma equipe de cerca de cem plantonistas para tirar dúvidas do conteúdo ensinado remotamente. Eles ficam disponíveis de segunda a sábado, e o aluno pode entrar em contato por meio de um aplicativo para agendar seu horário.

Segundo Fonseca, cerca de 5% dos vestibulandos se atrapalhavam no início e não conseguiam acompanhar a rotina de estudos a partir de suas casas. A instituição entrou em contato com eles para fazer planos específicos de reposição de aulas.

No Anglo, os alunos também podem ser atendidos por psicólogos a partir de suas casas. Há quatro profissionais disponíveis, e as sessões duram meia hora. Existe ainda a opção de terapia em grupo.

“Fomos obrigados a fazer uma transição de tudo para o digital muito rápido, mas o modelo tem funcionado”, afirma Daniel Perry, coordenador. Assim como seus concorrentes, o Anglo também criou um plantão de dúvidas e oferece simulados online.

Os alunos fazem a prova em ambiente virtual fechado e têm um tempo predeterminado para resolver as questões. O fato de os estudantes estarem em casa e poderem colar mais facilmente não preocupa o educador.

“Quem cola nesse tipo de prova, que nem sequer é um concurso, só prejudica a si mesmo, então não me importo muito”, afirma ele.

No Poliedro, a migração para a internet incluiu até as aulas de ioga e meditação. “Já era algo que oferecíamos presencialmente e, como queremos que os alunos não mudem a rotina, também trouxemos para o ambiente digital”, diz Rodrigo Fulgêncio, diretor.

Ele conta que, se por um lado os alunos têm um pouco mais de dificuldade para manter o foco em casa, uma parte deles se beneficia com a mudança, como aqueles que moram longe do cursinho, por exemplo.

É o caso de Livia Luiza Pinaso, 18, aluna do Etapa. Ela mora em Balneário Mar Paulista, bairro no extremo sul de São Paulo, e leva cerca de duas horas para chegar à sede do cursinho, no Paraíso, zona sul da capital.

“Como não tenho mais que sair de casa às 5h para chegar lá às 7h, mudei muito minha rotina e tenho, inclusive, mais tempo para estudar”, conta.

Como as aulas são gravadas, ela as assiste em etapas entre a manhã e a noite. Além do descanso, tem que dividir o computador com o irmão mais novo, que também tem aulas online na escola.
Por outro lado, diz que sente falta do contato com os colegas, mas tenta resolver o problema por meio de aplicativos.

“A gente faz chamadas de vídeo, mas não para estudar, e sim para conversar sobre a vida, porque também precisamos de um tempo para isso”, diz ela.

Antes da pandemia, Lívia não estudava muito em casa. Como faz parte da turma integral, ficava no cursinho das 7h às 16h. À noite, só revisava aulas de dias anteriores. Ela quer cursar medicina.

Já Emile Bárbara Delgado, 20, que vai prestar veterinária, diz ser difícil cumprir cronogramas de aula remotamente.

Aluna do Anglo, ela conta que tem dias que “só quer ficar na cama sem fazer nada”.

“É muito tentador. No começo tentava fazer como se fosse uma aula presencial, sempre tudo no mesmo horário, mas tem dia que simplesmente não dá”, afirma ela.

A vestibulanda encontrou uma saída nas aulas gravadas. “É maravilhoso poder pausar, voltar para a parte que não entendi direito. É claro que se você for parando muito o vídeo vai demorar mais, e tem dias que tem sete aulas, mas aí vou no meu tempo”, diz.

Daniel Perry, coordenador e professor do cursinho ANglo, que dá aulas a partir de seu apartamento, no centro de São Paulo
Daniel Perry, coordenador e professor do cursinho ANglo, que dá aulas a partir de seu apartamento, no centro de São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress

Perry, coordenador do curso, defende o modelo de aulas gravadas exatamente por isso.
O Anglo grava os conteúdos e os disponibiliza diariamente no mesmo horário das atividades presenciais, mas eles podem ser assistidos quando o aluno quiser.

“Um dos elementos mais importantes do ensino a distância é dar autonomia aos alunos. Recomendamos rotina, mas nesse momento de isolamento social também temos de respeitar suas diferentes estratégias de estudo”, afirma.

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