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Secretários de Educação pelo país resistem a novo fechamento de escolas

Gestores defendem que aulas presenciais não contribuem para aumento de infecções

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São Paulo

Secretários estaduais de Educação têm resistido à recomendação das equipes de saúde para um novo fechamento de escolas. Eles defendem que as aulas presenciais não contribuíram para o aumento de infecções.

Diante do que veem como o pior momento da pandemia, secretários estaduais de Saúde pediram na segunda (1) a adoção de medidas mais rigorosas para evitar o colapso na saúde, entre elas a suspensão das aulas presenciais.

Em resposta nesta terça (2), o Consed (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação) disse ver com “profunda preocupação” o pedido de suspensão das atividades presenciais na educação. A nota destaca que a maioria das escolas está fechada há quase um ano e pedem que a decisão seja encaminhada localmente.

“O conselho sugere que os comitês científicos e os gestores educacionais, com a responsabilidade que lhes são outorgadas, definam, localmente, com serenidade sobre o modelo organizacional de ensino nas escolas, observando os possíveis prejuízos."

Nesta terça, Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo, também defendeu a suspensão das aulas presenciais diante do agravamento da pandemia no estado. A declaração causou mal-estar no governo João Doria (PSDB), já que as escolas foram classificadas em dezembro do ano passado como serviços essenciais para que pudessem permanecer abertas em qualquer fase da pandemia.

“Não queremos nos opor aos secretários de saúde e aos comitês científicos, mas temos que zelar por manter as escolas abertas o máximo possível e defender que só sejam fechadas quando forem adotadas medidas mais duras para todos os setores. Não só para as escolas”, disse Vitor de Angelo, presidente do Consed e secretário do Espírito Santo.

O governo capixaba definiu que as escolas só não podem abrir em cidades classificadas como de alto risco para o coronavírus —o que atualmente ocorre em apenas um município, Piúma. “Se for necessário, não vou resistir a fechar a escola, desde que seja o último setor a fechar.”

Dois dias após parte dos alunos ter retornado às atividades presenciais, o governo do Paraná determinou novo fechamento das escolas ao publicar decreto proibindo o funcionamento de todos os serviços considerados não essenciais.

Renato Feder, secretário de educação do Paraná, defende que a nova suspensão das aulas presenciais só se justifica em um contexto de lockdown como o adotado pelo governo. “Se é lockdown, tem que fechar tudo, inclusive a escola. Mas ela deve ser a primeira a abrir quando for possível.”

Os secretários defendem que a reabertura parcial das escolas no ano passado mostrou que elas não contribuem para o aumento de infecções se os protocolos de segurança forem seguidos.

"Não se pode responsabilizar as escolas pelo aumento de casos. Elas ficaram fechadas por quase um ano e os casos subiram antes mesmo delas reabrirem", diz Cecília Mota, secretária do Mato Grosso do Sul.

O estado já autorizou a retomada das aulas presenciais, mas elas só deverão começar em abril para que o calendário esteja alinhado com as redes municipais. "Muitos prefeitos que acabaram de assumir disseram que não tiveram tempo de se preparar. Por isso, optamos por esperar mais um mês."

Em ao menos dois estados, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, os governos estaduais autorizaram a volta às aulas presenciais, mas a ação foi barrada pela justiça. Em outros 13 estados ainda não há previsão de reabertura das escolas.

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