Só 6,6% das escolas públicas forneceram internet a alunos em 2020

Primeira pesquisa do governo Bolsonaro sobre resposta educacional na pandemia não traz dados deste ano

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Brasília

Apenas 6,6% das escolas públicas do país forneceram acesso gratuito à internet para alunos estudarem de forma remota durante o fechamento das escolas na pandemia de coronavírus, segundo a primeira pesquisa do governo Jair Bolsonaro sobre a resposta educacional na pandemia. As informações, divulgadas nesta quinta-feira (8), referem-se apenas ao ano letivo de 2020.

A conectividade para alunos mais pobres tem sido um dos maiores entraves para a manutenção dos estudos no período.

O MEC (Ministério da Educação), comandado pelo pastor Milton Ribeiro tem sido criticado pela falta de apoio às redes públicas de educação básica durante a pandemia. Nesta semana, o governo Jair Bolsonaro brigou na Justiça para não cumprir lei que determina investimentos para fornecer internet a alunos e professores da rede pública.

A lei, inicialmente vetada por Bolsonaro mas com o veto derrubado pelo Congresso, prevê investimentos de R$ 3,5 bilhões. O plano era garantir internet para 18 milhões de estudantes que fazem parte do cadastro do Bolsa Família, além de atingir 1,5 milhão de professores.

Em pleno segundo semestre de 2021, a pasta não sabe quantas escolas retomaram as aulas neste ano e quais têm sido os desafios enfrentados e as estratégias adotadas.

O país tem registrados 47,9 milhões de alunos na educação básica. Desses, 38,7 milhões estão na rede pública.

A pesquisa do Inep mostra a desigualdade entre as redes de ensino. O índice de fornecimento de internet gratuita é 2% nas redes municipais (que concentram maior número de alunos) e de 21,2% nas escolas estaduais. As secretarias de Educação ligadas aos governos estaduais têm maior capacidade técnica e financeira.

Com relação à disponibilização de equipamentos, como notebook e smartphones, isso ocorreu em 8,7% das escolas públicas. Na rede municipal, a taxa de 4,3% e na estadual, 22,6%. Os melhores resultados de resposta na rede pública ocorreram nas escolas federais, que concentram poucos alunos de educação básica. ​

Pesquisa divulgada em março pela Undime (que reúne dirigente municipais de Educação) mostrou que 49% das redes municipais de ensino apontaram a internet como a maior dificuldade de manter os estudos. Questões de infraestrutura aparecem na sequência.

Ao fim de 2019, 4,1 milhões de estudantes de escolas públicas não tinham acesso à internet, segundo o IBGE, seja por falta de dinheiro para contratar o serviço ou comprar um aparelho ou por indisponibilidade do serviço nas regiões onde viviam.

O levantamento do Inep mostra que 99,3% das escolas brasileiras suspenderam as atividades presenciais no ano passado. A média no país foi de 279 dias de suspensão de atividades presenciais durante o ano letivo.

Apenas 5% das escolas públicas retornaram a aulas presenciais em 2020. Na rede privada, esse percentual foi de 29%.

Os dados foram coletados entre fevereiro e maio de 2021. As informações divulgadas não detalham a situação atual.

Responderam à pesquisa 168.739 das escolas, o que representa 94% das unidades do país. O percentual foi de 97,2% de escolas públicas (134.606) e 83,2% de privadas (34.133).

A adoção do ensino híbrido, com atividades presenciais e remotas, foi baixo na rede pública no ano passado. Apenas 4% das escolas públicas agiram dessa forma, enquanto essa foi a estratégia de 21,9% das unidades privadas do país.

A estratégia mais utilizada na rede pública para manter o ensino foi a entrega de material impresso, o que ocorreu em 94,2% das escolas, mas isso não necessariamente ocorreu de maneira isolada.

A disponibilização de material pela internet atingiu 77,4% das escolas públicas no ano passado. A transmissão de aulas por TV ou rádio afetou 22,7% das escolas.

O Inep perguntou se houve profissionais afastados por Covid-19 nas escolas que retornaram à atividades presencias. Das 6.679 unidades públicas que tiveram retorno, em 58,2% houve casos de afastamentos.

Os dados são mais baixos na escolas particulares. Foram 44,5% unidades privadas de um total de 9.845 com registro de afastamentos por infecção do coronavírus.

A precariedade de infraestrutura em parte das escolas públicas é um desafio para um retorno presencial com respeito a medidas sanitárias. A ventilação de salas é considerada inadequada em mais da metade da redes estaduais e municipais do país, como mostrou a Folha em março.

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