Folha lança 'Desconectados', documentário sobre educação na pandemia; veja trailer

Longa-metragem tem pré-estreia no Espaço Itaú de Cinema nos dias 22 de agosto, em São Paulo, e 24 de agosto, em Brasília

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há seis pessoas em volta de uma mesa, quatro crianças, uma jovem e uma mulher adulta, que segura um bebê no colo. Três crianças estão estudando e a jovem, no centro, olha pra câmera

Cena de 'Desconectados', documentário da Folha Pedro Ladeira/Folhapress

Brasília

O Brasil foi um dos países com maior tempo de escolas fechadas durante a pandemia de coronavírus. Os desafios e esforços de estudantes, famílias e educadores nesse período inédito na história estão no documentário "Desconectados", que a Folha lança neste mês.

O longa-metragem tem pré-estreia no Espaço Itaú de Cinema: no dia 22 de agosto, em São Paulo, e no dia 24 deste mesmo mês, em Brasília. As exibições, às 20h, serão gratuitas, com ingressos distribuídos nos locais com uma hora de antecedência.

Assista ao trailer aqui:

O jornal ainda prepara outras sessões e debates com os realizadores, personagens do filme e especialistas.

Desconectados tem parceria com o Instituto República. Fundada em 2016 no Rio de Janeiro, a entidade atua na pauta da melhoria da gestão de pessoas do serviço público brasileiro.

O documentário retrata o percurso entre o fechamento e o retorno à escola ao acompanhar, por seis meses, famílias e a própria rotina escolar na capital federal do país. Na tela, as adversidades enfrentadas por crianças e adolescentes no cotidiano da pandemia, a persistência e esperança de pais e educadores, a ansiedade com o Enem, o drama do abandono, as consequências emocionais do período.

"Estava esperando minha vida inteira para chegar no 3º ano do ensino médio e ser a coisa mais legal do mundo", conta no filme a estudante Julia Reinheimer, 17. "Mas eu não estava com os meus amigos, eu não estava conhecendo gente nova, eu não estava fazendo nada. Eu estava aqui, presa dentro de casa, tendo que me virar com o que tem. Eu estava sozinha."

Foto colorida de drone de uma longa estrada, onde se uma mulher e duas crianças caminando. No alto, está escrito Desconectados, o nome do filme
Cartaz de "Desconectados", documentário da Folha sobre educação na pandemia. - Divulgação

O segundo semestre de 2021 marcou o retorno presencial na maior parte do país após o fechamento das escolas, iniciado em março de 2020. Os 38 milhões de alunos de escolas públicas enfrentaram uma média de 287 dias sem escola —é o equivalente a cerca de um ano letivo e meio sem aulas.

Pesquisas já mostraram prejuízos para a educação, mas os impactos na aprendizagem, na vida de alunos e no futuro do país ainda se prenunciam. Lidar com esses efeitos será, inclusive, um dos maiores desafios na área da educação para os políticos que postulam cargos nestas eleições.

O filme é dirigido pelos jornalistas da Folha Pedro Ladeira e Paulo Saldaña, e pela cineasta Ana Graziela Aguiar. O roteiro e a montagem são assinados por Nicollas Witzel e a produção executiva é da editora da TV Folha, Beatriz Peres.

"Nosso objetivo, desde o princípio, foi dar voz às pessoas diretamente afetadas, uma realidade vivida intensamente por milhões de famílias brasileiras", diz Pedro Ladeira, fotojornalista e que também assina a direção de fotografia. "Buscamos uma abordagem mais observacional, com a proposta de documentar o dia a dia sem muitas interferências. Acreditamos que isso deu um tom muito verdadeiro ao filme."

Segundo Paulo Saldaña, repórter de educação em Brasília, o período tão longo de escolas fechadas impôs enormes entraves para a educação brasileira. "Isso significou uma desconexão com amigos, com o aprendizado e com o próprio ambiente escolar. Muitas repercussões ainda serão sentidas ", diz ele, que é também diretor da Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação).

"Quisemos vivenciar esse processo de uma forma íntima e sem abrir mão de uma reflexão qualificada sobre as políticas públicas."

A pandemia teve interferência na vida e no trabalho de mais de 2 milhões de educadores, responsáveis por enfrentar na ponta esse cenário. "Para você trabalhar com essa perda de parte pedagógica é um desafio que vai por anos. Não vai terminar em um ano, em um ano e meio, isso aí nunca. É um trabalho mesmo de formiguinha, todo dia", diz, no filme, a diretora Lindonor Maria da Paz, do Centro de Ensino Fundamental Queima Lençol, na zona rural de Brasília.

Para a diretora executiva do instituto República, Helena Wajnman Lima, o documentário levanta importantes pontos de reflexão ao evidenciar o aprofundamento das desigualdades na pandemia.

"A República.org tem a missão de valorizar os profissionais públicos brasileiros que não deixam o Brasil parar, apesar de todas as adversidades. E a gente vê nesse documentário alguns desses profissionais muito bem representados", diz ela.

"É muito importante reconhecer e valorizar as trajetórias desses profissionais públicos. Acreditamos que o serviço público competente, valorizado e respeitado é muito importante para o Brasil se recuperar das consequências negativas que a pandemia nos trouxe e caminhar para a redução de desigualdades", completa.

Este é o segundo longa-metragem produzido pela Folha. Em 2014, o jornal lançou "Junho - O Mês que Abalou o Brasil", dirigido por João Wainer, sobre as manifestações que tomaram o país no ano anterior.

"O novo filme é mais um exemplo da relevância do jornalismo praticado pela Folha, que estava atenta ao impactos da pandemia nos estudantes e professores, acompanhou as histórias de perto e agora promove uma discussão sobre os efeitos no presente e no futuro da educação no país," diz o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila.

Para o diretor de programação dos cinemas Itaú, Adhemar Oliveira, apresentar "Desconectados" é também uma forma de colaborar com o debate público em torno da pandemia e de seus efeitos.

"Exibir esse filme significa oferecer para a plateia do cinema, para toda audiência, um contato com o que está sendo olhado e discutido no presente e o que passou nesse período em que ficamos um pouco ilhados", diz ele, que ressalta a importância da oferta de um documentário.

"A pandemia dificultou muito a vida dos cinemas e agora começamos a colocar as coisas em ordem. Em termos de programação, temos que rodar produções como essa, a diversidade é a própria democracia na tela".


​Desconectados

Direção Pedro Ladeira, Paulo Saldaña e Ana Graziela Aguiar
Montagem e roteiro Nicollas Witzel
Produção executiva Beatriz Peres
Direção de fotografia Pedro Ladeira
Som direto Isadora Machado
Trilha sonora original Ricardo Saldaña e Vinicius Salldaña
Sound design e mixagem Fernando Ianni e Rodrigo "Funai" Costa
Colorização Brunno Schiavon/Estúdio Arco

Exibições de pré-estreia

São Paulo

  • Quando 22.ago, às 20h
  • Onde Espaço Itaú de Cinema — Augusta (Rua Augusta, 1.475, Cerqueira César)
  • Ingresso Distribuição gratuita uma hora antes

Brasília

  • Quando 24.ago., às 20h
  • Onde Espaço Itaú de Cinema – Casa Park Shopping Endereço (SGCV Sul, Lote 12 - Guará)
  • Ingresso Distribuição gratuita uma hora antes
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