Professores de 6 unidades da USP aprovam paralisação em apoio à greve iniciada por estudantes

Reitoria deve receber estudantes na próxima quinta (28) para tentar pôr fim ao movimento

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São Paulo

Professores de seis faculdades e institutos ligados à USP (Universidade de São Paulo) aprovaram nesta terça-feira (26) uma paralisação, em apoio à greve iniciada por estudantes da instituição. O movimento deve durar pelo menos até a próxima segunda (2), quando uma nova assembleia será realizada para decidir se a Adusp (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo) vai aderir formalmente à greve.

"Ninguém quer usar o instrumento da greve, mas quando não temos resposta concreta da administração precisamos nos fazer ouvir", disse a presidente da associação, Michele Schultz, professora da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades).

Também participaram da assembleia que definiu paralisação docentes da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas ), Instituto de Psicologia, Faculdade de Educação, Instituto de Matemática e Estatística e da Escola de Engenharia de Lorena, no interior paulista. Segundo a Adusp, ainda não é possível dimensionar a adesão dos professores à mobilização.

Sala de aula vazia na Escola Politécnica da USP; estudantes aderiram à greve nesta segunda-feira (25) - Danilo Verpa/Folhapress

Na próxima quinta (28), a reitoria da universidade deve apresentar uma proposta aos estudantes grevistas. A contratação de docentes e fortalecimento da política de permanência estudantil estão no centro das reivindicações. Nesta segunda (25), alunos da Faculdade de Direito e da Escola Politécnica da USP anunciaram adesão à greve.

"A mobilização estudantil é nosso principal termômetro. Percebemos que o corpo docente está adquirindo consciência da situação em que estamos", disse Schultz, que espera adesão maior dos professores da universidade nos próximos dias. "Tudo vai depender do que a reitoria apresentar na quinta-feira."

Segundo levantamento realizado pela Adusp com base nas folhas de pagamento disponíveis no Portal da Transparência, o corpo docente da universidade encolheu 17,56% desde 2014. O número de professores efetivos, ainda de acordo com a entidade, caiu de 5.934 para 4.892 em agosto desse ano.

O déficit de professores atingiu algumas unidades de forma ainda mais acentuada. A Escola de Enfermagem, por exemplo, perdeu quase metade (47%) dos professores, segundo a Adusp. Já a FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) e a FSP (Faculdade de Saúde Pública) tiveram os quadros reduzidos em aproximadamente 30%.

Como mostrou a Folha, a proporção de professor por aluno na USP é a menor em 20 anos. Em 2002, a universidade tinha 0,07 educador para cada matriculado, número que baixou para 0,05 no ano passado.

A falta de docentes já levou algumas faculdades a cancelarem disciplinas obrigatórias, causando até mesmo o atraso de formaturas.

Eleito no fim de 2021 pela comunidade acadêmica, Carlos Gilberto Carlotti Júnior assumiu a reitoria da USP tendo como principais promessas a retomada das contratações e a recomposição dos salários. Ainda em 2022, o reitor anunciou a contratação de 879 profissionais, escalonadamente, até 2025. Segundo a reitoria, 238 vagas já foram preenchidas.

Na quarta-feira (27), haverá uma assembleia dos servidores da USP para decidir ou não pela greve e discutir o acordo coletivo dos trabalhadores técnico-administrativo.

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