Chefe da OCDE elogia Brasil e diz que estabilidade do país no Pisa foi 'impressionante'

Dados da avaliação internacional foram divulgados nesta terça (5); queda de países ricos foi mais acentuada que variação negativa do Brasil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Mathias Cormann, avaliou como positivo o desempenho do Brasil no Pisa 2022. Os dados da avaliação internacional foram divulgados nesta terça (5), mostrando queda dos países ricos por causa da pandemia —no Brasil, a variação foi mais amena.

Cormann participou, por vídeo, de entrevista coletiva comandada pelo ministro da Educação, Camilo Santana. A OCDE é responsável pela realização do Pisa.

"Percebemos uma queda sem precedentes por causa dos efeitos da Covid, equivalente a quase metade de um ano de aprendizado", disse ele. "O Brasil, porém, foi uma das poucas exceções em que a performance não piorou. Permanece estável desde 2009, sim, mas a estabilidade foi impressionante especialmente considerando que as escolas foram fechadas."

0
Sala de aula em escola da rede estadual no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo - Rivaldo Gomes - 2.ago.2021/Folhapress

O Brasil teve quedas nas três áreas avaliadas pelo Pisa: matemática, leitura e ciências. A variação do país, entretanto, foi bem mais leve que a média de países ricos, membros da OCDE. Enquanto a nota de matemática do Brasil caiu 5 pontos com relação a 2028, a média da OCDE teve queda de 15 pontos.

Direto de Paris, o chefe da OCDE considerou o desempenho do Brasil dentro de uma estabilidade. Ele disse ainda que o Pisa é importante para identificar forças comparativas internacionais, avaliar as performances, considerar insights e saber o que está funcionando bem nos países no mundo. Além disso, também é válido para entender circunstâncias específicas de cada país.

Santana disse que o Pisa não é um fim em si mesmo. "Temos no Pisa um lugar que possa orientar as políticas do MEC [Ministério da Educação]", disse ele.

O ministro disse que os resultados deixam claro que "os desafios são enormes", principalmente em matemática. Camilo também fez questão de destacar que até mesmo nas escolas privadas os resultados não foram bons.

Ele disse que as políticas na área de educação anunciadas pelo governo Lula (PT), como o compromisso pela alfabetização na idade certa, o fomento a escolas de tempo integral e a garantia de permanência de alunos no ensino médio, farão efeito para a melhoria do cenário educacional brasileiro. Ele também citou o trabalho de requalificar os cursos de formação de professores como outra iniciativa do governo nesse sentido.

"Essas medidas são focadas nisso", disse. "Precisamos avançar significativamente para melhorar nossos resultados e automaticamente melhorar no Pisa."

O Pisa avaliou 690 mil estudantes de 15 anos, em 81 países e regiões do mundo. Realizada pela primeira vez no ano 2000, a prova, que costumava ser aplicada a cada três anos, foi adiada em um ano por causa da pandemia. Assim, a edição, programada para 2021 foi feita no ano passado.

O Brasil seguiu a tendência dos demais países, com queda nas três áreas, ainda que tenha tido perdas menos acentuadas que a média dos países membros da OCDE. A área mais afetada entre os estudantes brasileiros foi matemática, em que a nota caiu de 384 para 379, entre 2018 e 2022. Há dez anos, a média brasileira na área era de 389.

Mesmo com a piora nas médias, o Brasil conseguiu melhorar sua posição no ranking em relação aos demais países. Em matemática, passou do 71º lugar para 65º, mas ainda segue distante da média da OCDE, que foi de 472 pontos, e continua atrás de países como a Arábia Saudita, Peru, Costa Rica e Colômbia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.