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Um em cada cinco alunos brasileiros estuda em escolas com falta de professores, aponta Pisa

Segundo o relatório, escolas com déficit de docentes têm desempenho menor em matemática

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São Paulo

Um em cada cinco alunos brasileiros estuda em escolas que enfrentam falta de professores, segundo dados do Pisa 2022. Segundo o relatório da avaliação internacional, os dados mostram que, globalmente, escolas com déficit de docentes registraram desempenho menor em matemática.

As informações foram obtidas nos questionários aplicados aos diretores das escolas que fizeram a prova do Pisa. Os dados mostram que 22,3% dos alunos brasileiros estudam em unidades em que a falta de professores prejudicou as atividades acadêmicas.

Também apontam que 11,7% dos alunos foram prejudicados por ter aulas com docentes sem formação na área em que lecionam.

Alunos durante aula em escola de Barueri - Danilo Verpa 25.mai.23/Folhapress

Em 2018, essas situações afetavam 17,6%e 11,3% dos estudantes brasileiros, respectivamente.

O Pisa 2022 avaliou 690 mil estudantes de 15 anos, em 81 países e regiões do mundo. No Brasil, a prova foi aplicada para 10.798 alunos de 599 escolas.

O relatório do Pisa alertou para o aumento do déficit de professores em todo o mundo. Entre os países membros da OCDE, 46,7% dos estudantes tiveram as atividades escolares prejudicadas por falta de docentes. Em 2018, esse índice era de 26,1%.

"Os resultados do Pisa mostram que entre 2018 e 2022, mais da metade dos sistemas educacionais tiveram aumento de alunos prejudicados por falta de professores ou por terem tido aula com docentes sem formação adequada", destacou o documento.

"Os dados mostram que a maioria dos sistemas foram mais afetadas com a falta de profissionais do que com escassez de materiais", diz.

O relatório também apontou que as escolas prejudicadas por falta de professores tiveram resultados menores em matemática.

Globalmente, o desempenho dos estudantes em matemática foi o que teve maior queda no período entre 2018 e 2022. A média da OCDE nessa área caiu de 487 pontos para 472. A redução de 15 pontos representa uma perda de aprendizado de meio ano escolar na vida dos estudantes.

Historicamente, é na matemática que o Brasil enfrenta maior dificuldade para garantir o aprendizado adequado aos seus alunos. Nas últimas duas décadas, as notas mais baixas do país foram nessa área do conhecimento. No Pisa 2022, a média brasileira em matemática foi de 379 pontos, ante 384 em 2018.

Vários estudos e dados nacionais apontam que o Brasil tem dificuldade em formar professores para as disciplinas de exatas. Informações do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostram que 70% dos ingressantes em licenciaturas dessa área abandonam as graduações.

Na licenciatura de matemática, por exemplo, só 30% dos ingressantes concluem os cursos.

A pequena taxa de conclusão é consequência de um acúmulo de dificuldades acadêmicas que os ingressantes carregam da educação básica, além da baixa atratividade para a carreira docente.

Muitas redes de ensino do país já sofrem com a falta de professores. Até mesmo São Paulo, o estado mais rico da federação, enfrenta dificuldade para preencher o quadro de docentes. Um estudo do Semesp (entidade que representa faculdades particulares) calcula que até 2040 o Brasil terá um déficit de 240 mil professores - sendo a área de exatas a mais afetada.

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