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USP

Não há a menor dúvida: aos 90 anos, USP é a melhor universidade do Brasil

Nota da instituição paulista aumentou no principal ranking internacional, mas outras, como as chinesas, cresceram mais rápido

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Sabine Righetti

Jornalista, doutora em política científica e pesquisadora no Labjor-Unicamp; fundadora da Agência Bori

As formas de avaliar a qualidade das universidades de todo o mundo mudam bastante nos principais rankings universitários da atualidade. O resultado, no entanto, é sempre igual: a USP lidera no país.

A instituição pública paulista chega aos seus 90 anos nesta quinta-feira (25) no topo do pódio de diferentes classificações. É a melhor universidade no último RUF (Ranking Universitário Folha) e a melhor brasileira em rankings latino-americanos como o QS e globais como THE (Times Higher Education).

Nos rankings que olham para universidades do nosso entorno, como o Webometrics 2023 e o QS 2024, a USP lidera toda a América Latina.

Vista de rampa
Prédio de geografia e história da da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP - Bruno Santos - 24.jan.2024/Folhapress

Nas avaliações globais, a USP também não vai mal —sim, estar no grupo 201º–250º das melhores universidades do mundo no THE, o principal ranking universitário da atualidade, não é pouca coisa.

Ao lado da USP, no mesmo grupo 201º–250º, estão universidades de excelência como Sussex (do Reino Unido), Northeastern (dos EUA) e Potsdam (da Alemanha). Esse tipo de análise tem de ser feita olhando as universidades que estão próximas na classificação, e a USP, diríamos, está muito bem acompanhada.

A Universidade de São Paulo já esteve mais bem classificada no THE, é verdade. Chegou ao 158º lugar no mundo no THE 2013, uma marca histórica amplamente noticiada e celebrada na época. Perdeu qualidade? Na verdade, não.

A pontuação geral da USP no THE —soma total dos indicadores como a quantidade de pesquisa científica produzida e seu impacto acadêmico— tem crescido nos últimos anos. Acontece que outras universidades do mundo ganharam mais pontos mais rapidamente. Com isso, na comparação, a líder brasileira perde posições.

Explico: em 2013, a USP recebeu uma nota média geral de cerca de 50 pontos no THE. Já na edição mais recente, em que aparece no grupo de 201º–250º universidades do mundo, chegou perto dos 60 pontos. Trocando em miúdos: a nota da universidade aumentou, mas não o suficiente. Outras universidades cresceram mais rápido.

É o caso das chinesas: em 2013, a China tinha duas universidades entre as 100 melhores do país no THE: Pequim (com cerca de 70 pontos) e Tsinghua (com 67 pontos). Mas queria melhorar, e lançou um programa de Estado voltado para fortalecer as universidades de excelência daquele país.

No último ranking, Tsinghua liderou o país com 92,4 pontos, o que a alavancou para 12º lugar no mundo. Ao lado dela, figuram mais seis universidades chinesas entre as 100 melhores do mundo, incluindo Pequim, que agora soma 91,8 pontos (14º lugar no mundo).

À matemática: enquanto a USP subiu quase 10 pontos no ranking THE desde 2013 (perdendo posições), as chinesas ganharam pelo menos o dobro disso no mesmo período (subindo posições). Assim fica difícil competir.

A USP, no entanto, está de mãos dadas com universidades chinesas de excelência em outro ranking mais diferentão, o Leiden, feito por um centro de estudos de ciência e tecnologia de uma universidade homônima da Holanda.

No Leiden com foco em impacto da pesquisa científica (há diferentes tipos de rankings), a USP figura em 12º lugar no mundo, atrás de nove universidades chinesas, de Harvard (EUA) e da Universidade de Toronto (Canadá).

Outro tipo de ranking do Leiden, com foco em diversidade de gênero, lança a USP para 3º lugar no mundo, novamente depois de Harvard e da Universidade de Toronto. Nesse caso, a proporção de autores homens e mulheres nas publicações, por exemplo, é levada em conta.

O olhar para a diversidade, aliás, deve crescer nas avaliações universitárias de todo o mundo. Isso porque já se sabe que boas instituições têm alunos e docentes diversos em termos de gênero e de raça, capazes de olhar de maneira representativa para a sociedade.

Nesse sentido, a USP deu um passo importante aos 90 anos com a adoção de políticas afirmativas para pretos, pardos e indígenas em concursos públicos para docentes e para servidores (e quem é contra isso ainda não entendeu que uma universidade só de brancos num país de maioria negra perde em tudo, inclusive em qualidade).

E dá para melhorar a posição da USP nos rankings tradicionais? Sim, seguindo a inspiração chinesa. Sozinha e fechada na sua própria gestão, a USP deve seguir como a melhor do país e, talvez, consiga pequenos avanços em rankings universitários mundiais, aqui e ali.

No entanto, uma política de educação superior forte e conjunta, estadual e federal, focada em tornar ainda mais excelentes as melhores universidades do país, poderia levar a USP a um salto ainda maior rumo aos 100 anos.


Confira a posição da USP em rankings universitários

THE 2024 (Times Higher Education)
201º–250º no mundo

ARWU 2023 ("Ranking de Shanghai")
101º–150º no mundo

Leiden 2023 (ranking de impacto científico)
12º no mundo

QS 2024 América Latina
1º na América Latina

Webometrics 2023 América Latina
1º na América Latina

RUF - Ranking Universitário da Folha 2023
1º no Brasil

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