Descrição de chapéu unicamp Interior de São Paulo

Defesa de ex-funcionária da Unicamp diz que não há provas de desvios e aguarda investigação

Suspeita de fraude milionária em verbas da Fapesp para pesquisadores foi demitida em 18 de janeiro

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São Paulo

O advogado da ex-funcionária da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp), em Campinas, interior de São Paulo, Ligiane Marinho de Ávila, 36, suspeita de desviar verba da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) destinada a pesquisadores, afirmou nesta sexta-feira (9) que não há inquérito instaurado contra a cliente, apenas hipóteses e levantamentos.

"O que eu posso dizer é que, até o momento, para a defesa não foi franqueado nada em relação a provas. Fomos contratados hoje, ainda pela manhã eu fui até a delegacia onde foi reportado [o caso], o 7º DP, mas nada de concreto, nada consta de investigação. São hipóteses, levantamentos que realmente tiveram sobre esse suposto desvio e estão imputando a Ligiane", disse o advogado Rafael de Azevedo.

Ainda de acordo com o defensor, como não há provas, não tem investigação em curso.

"Não tem o que manifestar sobre o assunto. Vamos aguardar, se realmente vier uma investigação aí, lógico, a gente vai se manifestar e vai dar o devido respaldo para a imprensa sobre o tema", afirmou.

Prédio da Reitoria da Unicamp - Adriano Vizoni - 6.set.2017/Folhapress

Questionado sobre a razão da demissão por justa causa no dia 18 de janeiro sob a alegação dos desvios, Azevedo disse que essa discussão será feita na Justiça do Trabalho.

"Essa situação, o que ocorre é uma questão trabalhista que vai ser discutida na Justiça do Trabalho. Eu não fui contratado para esse tema, mas, posteriormente, vai ser vai ser discutida essa matéria", finalizou.

O 7º DP (Cidade Universitária) de Campinas afirmou que tem conhecimento do caso e aguarda as vítimas apresentarem documentos para decidir os próximos passos e a tipificação do que ocorreu.

A reportagem apurou que a demissão da ex-funcionária da fundação aconteceu em 18 de janeiro, mas as vítimas foram à delegacia apenas no dia 1º de fevereiro.

A Promotoria de Justiça Criminal de Campinas afirmou que recebeu notícia apontando que a ex-servidora estaria desviando verbas da Fapesp avaliada em R$ 2 milhões. Solicitava ainda que fosse investigado o crime e "possível envolvimento de professores do instituto que eram responsáveis pelos projetos".

"A notícia veio desacompanhada de qualquer informação ou documento", destacou a Promotoria.

ENTENDA O CASO

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) abriu uma investigação para apurar um possível desvio milionário de recursos destinados a pesquisadores da Unicamp.

No fim do ano passado, uma auditoria do órgão de fomento detectou possíveis irregularidades na prestação de contas de docentes ligados ao Instituto de Biologia da estadual de Campinas. Até o momento foram identificados supostos desvios de recursos destinados a 28 professores. Servidores afirmam que os valores subtraídos podem passar de R$ 2 milhões. A Fapesp não cita valores. A Unicamp, por sua vez, diz que "a soma é vultosa".

Trecho de comunicado da Coordenação do Instiuto de Biologia encaminhado aos servidores - Reprodução

Uma investigação preliminar conduzida pela direção do instituto aponta a atuação da ex-funcionária da Funcamp.

Apesar de a investigação apontar que a funcionária teria desviado o dinheiro sem o conhecimento dos docentes, a Fapesp afirmou à reportagem que os pesquisadores são responsáveis pela gestão financeira dos recursos que recebem. A agência informou que, caso as irregularidades se comprovem ou não sejam sanadas, os professores terão de devolver os valores.

O suposto desvio foi descoberto quando a Fapesp identificou irregularidades na prestação de contas de um pesquisador do Instituto de Biologia. Quando pediu esclarecimentos, descobriu que o mesmo ocorria com outros pesquisadores da unidade.

Na mesma época em que passou a ser responsável pela prestação de contas, Ligiane abriu, em 12 de abril de 2018, uma microempresa em seu nome, que tinha como atividade a manutenção e reparação de equipamentos e produtos não especificados. A empresa foi encerrada no mês de janeiro deste ano —seis dias após a sua demissão.

Segundo a investigação do instituto, ao longo desse período, ela emitiu diversas notas frias em nome da empresa dela, como se fossem de manutenção e outros serviços prestados aos pesquisadores, desviando assim as verbas da Fapesp destinadas a pesquisa.

Em nota, a Unicamp confirmou que o instituto está apurando o possível desvio, mas disse que não poderia fornecer nenhuma informação ou detalhe sobre o caso sob risco de prejudicar as investigações.

Já a Fapesp declarou que segue as investigações e diz ter ampliado as análises para outras prestações de contas realizadas pelos pesquisadores em questão.

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