Descrição de chapéu greve Governo Lula

Universidades federais divergem sobre cancelamento de calendário acadêmico por greve

Paralisação dos professores já ultrapassa os dois meses, sem perspectiva de encerramento

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São Paulo

As universidades federais atingidas pela greve de professores começam a repensar seu ano letivo, mais de dois meses após o início do movimento.

Parte delas decidiu suspender o calendário acadêmico, enquanto durar a paralisação, e admite terminar as atividades previstas para 2024 somente em 2025. Outras ainda não definiram o que fazer e enfrentam debates internos.

O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) consultou no início deste mês as 54 universidades em greve sobre a possibilidade de suspensão do calendário, visando evitar que estudantes sejam prejudicados. Mais de 30 responderam.

Três indivíduos engajados em um protesto ao ar livre, onde dois deles tocam tambores com fervor. O homem à direita levanta o punho em sinal de resistência, enquanto a mulher ao centro, vestindo uma camiseta com a inscrição "Greve Geral Federal", toca um tambor menor. Uma bandeira vermelha com uma estrela branca é agitada ao fundo
Servidores federais da educação em greve fazem ato em frente ao Palácio do Planalto, enquanto o presidente Lula se reúne com os reitores das universidades federais - Gabriela Biló /Gabriela Biló - 13.mai.2024/Folhapress

Algumas, como UFLA (Universidade Federal de Lavras), Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e UFU (Universidade Federal de Uberlândia), resolveram cancelar seu planejamento deste ano. Outro grupo, composto por UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e UFPB (Universidade Federal da Paraíba), por exemplo, resolveu seguir com as atividades.

No caso paraibano, a resolução veio do reitor, Valdiney Gouveia. Os professores da instituição, em assembleia na última semana, haviam votado pela suspensão do calendário. Valdiney vetou na sexta-feira (14), desagradando a docentes e alunos, que protestaram.

Ainda há universidades que disseram ao Andes estarem deliberando sobre o ano letivo, sem data para definição dos rumos.

Noutra situação, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), já fora da greve e com retorno às aulas no dia 10, decidiu readequar seu calendário e terminar as atividades previstas para este ano somente em fevereiro 2025.

Enquanto as instituições deliberam sobre o ano letivo, estudantes se dizem preocupados com o futuro.

Prestes a se formar em ciências contábeis na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Rodrigo Sousa, 23, não sabe se irá apresentar seu trabalho de conclusão quando agendado, para meados de novembro. A situação, relata, é "frustrante".

A reportagem perguntou ao MEC (Ministério da Educação) sua posição sobre o calendário das universidades federais. O ministério de Camilo Santana respondeu com o link de uma notícia publicada sobre as negociações pelo fim da greve dos docentes, ignorando o questionamento.

Greve ultrapassa os dois meses sem perspectiva do fim

A paralisação dos professores de universidades federais foi iniciada em 15 de abril. Eles pedem reajuste salarial e recomposição do orçamento dos centros de ensino.

Os servidores reivindicam aumento de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio 2026. Brasília oferece 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.

O governo Lula (PT) oferece reajuste a partir de 2025 e afirma, através do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, não ter possibilidade de melhorar a proposta.

Segundo os grevistas, a greve não termina enquanto Brasília resistir ao acréscimo já neste ano. A gestão petista tenta acalmar os ânimos com outras propostas.

Em meio a cobranças, o governo lançou um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na segunda-feira (10) para as universidades federais e para os hospitais universitários, com previsão de R$ 5,5 bilhões em investimentos.

O ministro da Educação também anunciou um acréscimo de recursos para o custeio das instituições federais, em um total de R$ 400 milhões. Desse total, R$ 279,2 milhões serão para as universidades e outros R$ 120,7 milhões para os institutos federais.

Assim, o orçamento de 2024 dos centros de ensino chega a R$ 6,38 bi. O valor já é superior aos R$ 6,26 bi de 2023.

Os valores, porém, já eram previstos no orçamento deste ano e foram somente adiantados, como mostrou a Folha.

Universidades federais ainda em greve*

  1. Universidade Federal do Rio Grande
  2. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
  3. Universidade Federal do Ceará
  4. Universidade Federal do Cariri
  5. Universidade de Brasília
  6. Universidade Federal de Juiz de Fora
  7. Universidade Federal de Ouro Preto
  8. Universidade Federal de Pelotas
  9. Universidade Federal de Pelotas
  10. Universidade Federal de Viçosa
  11. Universidade Federal do Espírito Santo
  12. Universidade Federal do Maranhão
  13. Universidade Federal do Pará
  14. Universidade Federal do Paraná
  15. Universidade Federal do Sul da Bahia
  16. Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
  17. Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  18. Universidade Federal de Rondônia
  19. Universidade Federal de Roraima
  20. Universidade Federal de São João del-Rei
  21. Universidade Federal de Pernambuco
  22. Universidade Federal de Catalão
  23. Universidade Federal do Oeste da Bahia
  24. Universidade Federal de Santa Maria
  25. Universidade Federal de Tocantins
  26. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  27. Universidade Federal Fluminense
  28. Universidade Federal de Alagoas
  29. Universidade Federal do Agreste de Pernambuco
  30. Universidade Federal Rural de Pernambuco
  31. Universidade Federal de São Paulo
  32. Universidade Federal da Bahia
  33. Universidade Federal do ABC
  34. Universidade Federal Rural da Amazônia
  35. Universidade Federal Rural da Amazônia
  36. Universidade Federal de Campina Grande
  37. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  38. Universidade Federal do Triângulo Mineiro
  39. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
  40. Universidade Federal do Acre
  41. Universidade Federal de Lavras
  42. Universidade Federal de São Carlos
  43. Universidade Federal de Goiás
  44. Universidade Federal de Santa Catarina
  45. Universidade Federal do Amapá
  46. Universidade Federal do Sergipe
  47. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
  48. Universidade Federal da Integração Latino-Americana
  49. Universidade Federal do Oeste do Pará
  50. Universidade Federal de Mato Grosso
  51. Universidade Federal de Uberlândia
  52. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  53. Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri
  54. Universidade Federal do Piauí

*Segundo o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior)

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