Aceleração para empreendedores negros gera conexão e autoconhecimento

Programa AfroHub durou sete meses e mostrou potencial do mercado afro no Brasil

Patricia Pamplona
São Paulo

Com uma potência que representa R$ 1,5 trilhão em consumo, a população negra já representa a maioria dos empreendedores no Brasil. As dificuldades, no entanto, de ser dono do próprio negócio levou a três organizações que trabalham para fortalecer o ecossistema afrobrasileiro a criarem uma aceleração específica para mercado.

Os oito meses do programa AfroHub foram encerrados com uma comemoração na sexta-feira (14), na Estação Hack, em São Paulo. A iniciativa foi liderada por Feira Preta, Afrobusiness e Diaspora.black, em parceria com o Facebook.

"O AfroHub vem a partir da experiência de cada uma das instituições em compartilhar o que essas redes trazem de conhecimento e de vivência no tema de afroempreendedorismo atrelado ao que o Facebook traz em relação à técnica, em decodificar inteligência artificial, chatbot, venda online e muitos conteúdos para poder ter sucesso de vender na internet", explica Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta.

A partir dos depoimentos dos participantes, o programa se mostrou mais do que um aperfeiçoamento –que resultou em aumento no faturamento para 89% dos acelerados– e foi também um local de conexão e autoconhecimento.

"Você vê que alguém está passando pela mesma situação ou dificuldade e isso gera uma rede de colaboração. Compartilhamos muitas soluções entre as pessoas que frequentaram, o que fortaleceu os negócios de modo geral", afirma Antonio Pita, cofundador da Diaspora.black.

Outro diferencial da aceleração foi o olhar de seus idealizadores, que conhecem de perto a realidade. "A população negra, nessa perspectiva empreendedora, era sempre vista com escassez e necessidade. Hoje, podemos contar as nossas próprias histórias a partir do que somos enquanto potência. Estamos passando por um processo de transformação muito grande", diz Adriana.

Essa mudança teve um destaque especial ao longo do programa, uma vez que foi trabalhada a ancestralidade e as dores com uma constelação sistêmica, dinâmica de autoconhecimento. "Em um dado momento do programa, percebemos que esses empreendedores que não tinham voz e, quando tinham, estavam falando de dores", esclarece Fernanda Ribeiro, presidente do Afrobusiness.

"Para potencializar a absroção do conhecimento, percebemos que era importante trabalhar todas aquelas dores com uma ferramenta de autoconhecimento", complementa. O momento foi destacado pelos acelerados que se apresentaram na noite de celebração como sendo um diferencial muito importante do programa.

Erramos: o texto foi alterado

A prática da constelação sistêmica pode ou não estar atrelada à astrologia. O texto já foi alterado.

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