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Projeto doa livros de autores negros em cestas básicas na zona sul de SP

Entidades sociais da periferia defendem a importância de representatividade e cultura durante o isolamento

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São Paulo

Arroz, feijão e livro. Esses são os principais itens das cestas básicas que a Agência Popular Solano Trindade distribui às comunidades da zona sul de São Paulo.

Em parceria com o Allma Hub, a organização criou o projeto Livros na Cesta, que entrega obras de autores negros a 200 famílias mensalmente.

Nesta sexta-feira (5), os beneficiários receberam exemplares de “Memórias da Plantação: Episódios do Racismo Cotidiano”, da autora portuguesa Grada Kilomba —a mais vendida na Flip 2019. A distribuição foi feita em parceria com a editora Cobogó.

Livros de Grada Kilomba e alimentos
Projeto Livros na Cesta entregou nesta sexta (5) exemplares da obra de Grada Kilomba, publicada pela Cobogó; a próxima distribuição contará com publicações da Todavia - Divulgação

Segundo Thiago Vinicius, empreendedor social e líder da Agência Solano Trindade, o retorno da ação foi extremamente positivo.

“A periferia é muito leitora”, diz. “Ficamos muito felizes com o retorno da comunidade. Temos muitos bons leitores à nossa volta, que leem por necessidade, por hobbie.”

Na internet, o projeto recém-iniciado também tem boa repercussão. Repostada por Grada Kilomba no Instagram, a foto que mostra seu livro junto aos alimentos das cestas recebeu comentários de apoio da cantora Sara Tavares e da escritora e colunista da Folha Djamila Ribeiro.

A ação nasceu por meio de uma necessidade de levar, além de alimentos, representatividade e cultura àqueles que tentam sobreviver ao isolamento social.

Sedes da Cooperifa (Cooperativa de Cultura da Periferia) e do Festival Percurso, os bairros do Campo Limpo e Capão Redondo são marcados pelos saraus e mostras culturais, que por sua vez estão impedidos de acontecer durante a quarentena.

“Tá muito difícil, não tem mais saraus, a política de cultura é muito ineficiente quando se trata da periferia”, afirma Thiago. “É fundamental levar um pouco de alento ao coração das pessoas, permitir que uma mãe leia pros seus filhos. Cinco minutos de leitura fazem esquecer que estamos passando por tudo isso.”

Em entregas anteriores, foram incluídos em algumas cestas livros de autores independentes e outros da editora Peirópolis. Agora, o projeto busca parcerias com as principais editoras do Brasil para captar doações maiores e exclusivas da literatura negra, gerando uma espécie de “clube do livro” na periferia.

“As pessoas estão com fome disso. Leituras como essas mudam a vida, dão forças para continuar”, diz Ana Paula Dugaich, do Allma Hub. Ela é responsável por entrar em contato com as fornecedoras e conseguir os livros.

Além da Cobogó, a editora Todavia também confirmou parceria. Ela vai enviar à Solano Trindade na próxima semana exemplares de algumas de suas mais vendidas publicações de autores negros. Uma das selecionadas é a obra “Também os Brancos Sabem Dançar”, do angolano Kalaf Epalanga, outro sucesso da Flip 2019.

Saiba quais são as obras de autores negros que já foram ou serão distribuídas pelo Livros na Cesta:

  • "Memórias da Plantação" (Cobogó, 249 págs.);
  • "Enquanto os Dentes" (Todavia, 96 págs.);
  • "Pesado Demais para a Ventania" (Todavia, 200 págs.);
  • “Também os Brancos Sabem Dançar” (Todavia, 304 págs.);
  • "Torto Arado" (Todavia, 264 págs.);
  • "O Vendido" (Todavia, 302 págs.);
  • "Slumberland" (Todavia, 251 págs.);
  • "Um Outro Brooklyn" (Todavia, 120 págs.)
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