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Implantes de silicone podem estar ligados ao câncer, alerta agência americana

As malignidades parecem ser raras, mas estão associadas a produtos de todos os tipos

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Roni Caryn Rabin
The New York Times

Nesta quinta-feira (8), a FDA (agência que regula alimentos e drogas nos Estados Unidos) alertou mulheres que têm implantes mamários ou pensam em colocá-los que certos tipos de câncer podem se desenvolver no tecido cicatricial que se forma ao redor deles.

As malignidades parecem ser raras, mas são associadas a implantes de todos os tipos, incluindo aqueles com superfícies texturizadas ou lisas e os preenchidos com soro fisiológico ou silicone.

Os cientistas já haviam associado um câncer incomum chamado linfoma anaplásico de grandes células (ALCL, na sigla em inglês) aos implantes texturizados principalmente, cujo exterior áspero é provável que cause mais inflamação do que os implantes lisos. O linfoma é um câncer do sistema imunológico.

FDA afirma que implantes mamários estão ligados a alguns tipos de câncer - Ricardo Borges/Folhapress

A FDA confirmou essa ligação há mais de uma década, mas os implantes texturizados, fabricados pela Allergan, estiveram no mercado até 2019. O novo alerta da agência chamou a atenção para outro câncer, chamado carcinoma espinocelular, e também para outros tipos de linfoma que podem estar relacionados com os implantes.

Existem poucos casos documentados. A FDA disse estar ciente de menos de 20 casos de carcinoma e menos de 30 casos de linfomas inesperados na cápsula ao redor do implante mamário. (A cápsula é o tecido cicatricial que se acumula ao redor do produto.)

Devido ao uso generalizado dos implantes mamários e sua história, no entanto, as autoridades americanas de saúde consideraram a preocupação justificada. Em alguns casos, as mulheres foram diagnosticadas anos após os colocarem. Entre os sintomas estavam inchaço, dor, caroços e alterações na pele.

Embora linfomas e outros cânceres na área ao redor do implante possam ser raros, "os profissionais de saúde e as pessoas que têm ou estão considerando implantes mamários devem estar cientes de que casos foram relatados à FDA e na literatura", disse a agência.

Uma porta-voz, Audra Harrison, disse que os novos cânceres são um "novo sinal de segurança que estamos vendo com implantes sobre o qual estaremos comunicando separadamente do ALCL", o câncer previamente documentado.

Mas casos de linfomas diferentes de ALCL em mulheres com implantes mamários são relatados na literatura científica há cerca de uma década, disse Mark Clemens, professor de cirurgia plástica do Centro de Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, em Houston.

Eles são raros, acrescentou, e o novo aviso não deve ser motivo de alarme generalizado. A percepção de que o ALCL estava ligado a implantes mamários já "nos permitiu estar mais conscientes de que outras coisas poderiam estar acontecendo nessa área", disse Clemens.

"O ALCL é incomum, são muito raros", acrescentou ele. Há muito se sabe que o tecido cicatricial, como o que resulta da cirurgia de implante mamário pode produzir carcinoma de células escamosas, acrescentou Clemens.

"Uma ferida que tenta se curar durante muito tempo pode evoluir para essas coisas", disse ele. Mas a natureza exata da relação entre o implante e o câncer, e se o implante está causando o câncer, ainda não está clara, disse ele.

Em um ano típico, cerca de 400 mil mulheres recebem implantes mamários nos Estados Unidos, 300 mil por razões estéticas e 100 mil para reconstrução após mastectomias realizadas para tratar ou prevenir câncer de mama.

Os números caíram substancialmente durante o primeiro ano da pandemia, de acordo com a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos.

No ano passado, a FDA colocou os chamados rótulos de caixa preta nos implantes mamários, alertando que eles estão ligados a uma série de condições médicas crônicas, incluindo doenças autoimunes, dores nas articulações, confusão mental, dores musculares e fadiga crônica, bem como ao linfoma.

Entre as pacientes com maior risco de desenvolver doenças posteriores estão aquelas com câncer de mama que fizeram ou planejam se submeter a tratamentos de quimioterapia ou radiação –e que representam uma grande parcela das mulheres que são encorajadas a fazer reconstrução mamária com implantes.

Fumantes e mulheres que têm lúpus ou diabetes também correm maior risco de complicações, disse a FDA.

Um terço das mulheres que têm implantes mamários terão dor na mama, sensibilidade, perda de sensibilidade ou assimetria. Metade delas sentirão um aperto doloroso do tecido cicatricial ao redor do implante e os implantes de um terço irão romper ou vazar, disse a agência.

Quase 60% precisarão de outra operação para resolver problemas com implantes.

Na quinta-feira, a FDA disse que não está recomendando que as mulheres removam os implantes mamários por causa do novo aviso. Mas a agência aconselha que elas monitorem seus implantes e consultem um cirurgião ou um profissional de saúde se notarem quaisquer alterações anormais.

Os implantes texturizados feitos pela Allergan foram recolhidos depois de quase 600 casos de câncer relacionados a eles e 33 mortes atribuídas aos dispositivos da empresa.

Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves

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