As viagens de carro nunca são fáceis, mas são muito mais desagradáveis quando sua filha vomita repetidamente no banco de trás porque está enjoada. Eu sei, porque é o que acontece sempre que dirijo mais de uma hora com minha menina de 8 anos.
Ela agora tem prática suficiente para vomitar organizadamente num saco plástico, mas eu sinto por ela toda vez que isso acontece e me pergunto o que posso fazer para aliviar seu problema. Neste verão, fizemos várias viagens e experimentamos muitos remédios: mudar a posição dela dentro do carro, pulseiras de acupressão, óculos antienjoo de aparência bizarra ou Dramamine.
Algumas coisas funcionaram melhor que outras e, durante cada experimento, eu me perguntava por que o enjoo –náusea e vômito induzidos por andar de carro, de barco, de avião ou usar dispositivos de realidade virtual– ocorre, em primeiro lugar.
Por que algumas pessoas são mais suscetíveis que outras? Existem curas apoiadas por pesquisas ou a tentativa e erro é realmente a melhor abordagem? Entrevistei quatro especialistas em enjoo para obter respostas.
As causas não são claras
A maioria dos especialistas acredita que as pessoas ficam enjoadas quando as partes do cérebro responsáveis por manter o equilíbrio do corpo recebem informações sensoriais conflitantes, muitas vezes devido a uma diferença entre o que estão sentindo e o que estão vendo.
Normalmente, quando você vira a cabeça, dá um passo ou inicia qualquer tipo de movimento, seu cérebro recebe sinais do ouvido interno sobre como você deve se sentir.
Quando você está sentado dentro de um carro ou um barco, mas sente o movimento do veículo, seu cérebro percebe um conflito sensorial e você começa a se sentir mal. (Da mesma forma, os dispositivos de realidade virtual causam enjoo porque seus olhos recebem sinais de movimento que seu corpo não sente.)
Outros especialistas, incluindo Thomas Stoffregen, psicólogo da Universidade de Minnesota, argumentam que a incapacidade do corpo de se estabilizar em movimento desempenha alguma função.
Alguns pesquisadores especulam que o enjoo evoluiu para nos proteger de intoxicações. Quando nossas experiências perceptivas não se alinham com o esperado, "o cérebro diz: 'Ah, talvez eu tenha sido envenenado'", disse John Golding, psicólogo aplicado da Universidade de Westminster, na Grã-Bretanha.
Em seguida, sentimos náusea e começamos a vomitar ostensivamente para eliminar esses potenciais venenos do corpo.
Prevenção é a melhor cura
Um detalhe importante que aprendi em minhas entrevistas é que é difícil aliviar o enjoo quando ele se instala completamente em uma determinada viagem, por isso é muito melhor tentar evitar que isso aconteça ou tomar medidas para aliviá-lo quando estiver começando o trajeto.
A melhor maneira de prevenir o enjoo de movimento é olhar para o horizonte quando você está se movendo em um carro, barco ou avião –isso ajuda a eliminar a incompatibilidade sensorial, porque seus olhos veem que você está se movendo, disse Golding.
(No entanto, você não quer se concentrar no chão ou nas árvores que passam correndo, porque esse movimento é rápido demais para fornecer uma sensação de estabilidade.)
Quando mudamos o assento de elevação da minha filha da lateral do banco traseiro, onde sua visão era do meu apoio de cabeça, para o meio, onde ela olhava pelo para-brisa dianteiro e via o carro se movendo, a probabilidade dela se sentir mal diminuiu.
Golding também sugeriu tentar manter a cabeça bem parada, mas acrescentou que é sempre uma má ideia ler ou olhar para telas, porque você foca os olhos em algo que não está se movendo.
Alguns medicamentos podem ajudar a prevenir o enjoo, como os que contêm dimenidrinato, meclizina ou escopolamina. (Todas essas drogas causam sonolência, e a escopolamina também pode causar visão turva e problemas para urinar.)
Golding enfatizou que esses remédios funcionam melhor quando administrados 45 a 60 minutos antes do início da viagem e que não funcionam tão bem depois que o enjoo se instalou. Isso é em parte porque, uma vez que você se sente enjoado, sua digestão fica mais lenta e as drogas são menos propensas a entrar em seu sistema, disse Golding. (Além disso, se você vomitar, jogará as drogas para fora.)
Ele acrescentou que algumas pesquisas sugerem que se concentrar na respiração também pode evitar o enjoo. Antes de uma viagem, ele sugeriu praticar a respiração profunda e manter a respiração lenta e constante, além de tentar fazer isso enquanto estiver viajando também.
Alguns tratamentos funcionam melhor que outros
Eu sofro enjoo de vez em quando –especialmente em barcos–, e gosto das pulseiras de acupressão que apertam um ponto no antebraço, três dedos acima da articulação do pulso.
De acordo com a medicina tradicional chinesa, esse ponto de pressão desempenha um papel na regulação da náusea. Mas pesquisas sugerem que essas pulseiras normalmente não funcionam melhor que um placebo, disse Andrea Bubka, psicóloga da Universidade de Saint Peter, em Nova Jersey.
Dito isso, o efeito placebo pode ser forte, e Golding enfatizou que, se esses tratamentos funcionarem para você ou para um membro da família, é melhor continuar a usá-los. (Eu certamente vou, embora eles não tenham funcionado para minha filha.)
Quanto aos estranhos óculos antienjoo que me foram recomendados por um amigo, ainda não há evidências científicas de quão bem eles funcionam, mas Bubka disse que ouviu falar que eles aliviam os sintomas de enjoo porque seus aros circulares contêm um líquido que se move à medida que seu corpo se move, proporcionando um horizonte artificial.
No entanto, quando minha filha os usou enquanto assistia seu iPad em uma viagem de carro, ela ainda ficou enjoada, então não estou convencida (mas talvez devêssemos experimentá-los quando ela não estiver com o iPad).
Quando se trata dos efeitos do gengibre, os especialistas discordam. Stoffregen disse que comer lascas ou balas de gengibre antes de uma viagem pode ajudar a prevenir enjoos, assim como tomar refrigerante de gengibre, desde que contenha a planta real e não aromatizante artificial. Mas Bubka disse que não viu boas pesquisas confirmando benefícios.
Tradução por Luiz Roberto M. Gonçalves
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