Realidade virtual favorece aprendizado ativo na saúde

Recursos como realidade aumentada ampliam possibilidades de estudo, mas não substituem livros e laboratórios

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São Paulo

Ferramentas de realidade virtual e experiências imersivas oferecem a alunos da área da saúde a oportunidade de aprofundar os estudos —por exemplo, por meio de um modelo 3D do corpo humano.

O intuito não é substituir o uso de livros e de laboratórios presenciais, e sim criar novas formas de otimizar o aprendizado, diz Vinicius Gusmão, diretor-executivo da MedRoom, startup que desenvolve soluções digitais para o ensino na área da saúde.

Da esquerda para a direita: Filipe Santos, Gean Guilherme, Henrique Assis e Vinicius Gusmão durante seminário Web 3.0 e Metaverso
Da esquerda para a direita: Filipe Santos, Gean Guilherme, Henrique Assis e Vinicius Gusmão durante seminário Web 3.0 e Metaverso - Foto: Keiny Andrade/Folhapress

Os recursos de realidade aumentada e a criação de ambientes imersivos fazem parte da Web 3.0, nova fase de desenvolvimento da internet. O emprego dessas ferramentas na saúde foi debatido durante seminário promovido pela Folha e pelo Itaú Cultural, nos dias 4 e 5 de julho.

Chamado Web 3.0 e Metaverso, o evento foi mediado pelo repórter especial Raphael Hernandes. Após o debate, a apresentadora e jornalista Cris Guterres recebeu os convidados em uma confraternização no metaverso.

Gusmão, um dos participantes, define seu negócio como uma edtech, termo formado pelas palavras educação e tecnologia em inglês. Essas empresas representam o maior segmento entre startups no país —17,3%, segundo a Associação Brasileira de Startups.

Estudantes podem acessar o conteúdo da MedRoom em laboratórios de realidade aumentada, instalados em universidades, ou em plataformas que operam em celular.

Realidade virtual em aulas de anatomia
Realidade virtual em aulas de anatomia da MedRoom - Divulgação

Todo o roteiro de aprendizagem é feito junto aos professores de cada instituição, que selecionam sistemas inteiros ou órgãos do corpo humano para abordar durante as aulas.

Na realidade virtual, o estudante pode interagir com o modelo tridimensional, ver seu funcionamento e estudar possibilidades clínicas. Já no celular, a interação acontece com recursos como o uso de vídeos e visualização de exames. A empresa já realizou projetos em mais de 40 instituições entre Brasil, América Latina e Europa.

É importante convidar quem não é da área para a discussão. A tecnologia é um meio para resolver problemas reais

Vinicius Gusmão

diretor-executivo da MedRoom.

Uma dessas organizações é o Instituto do Coração (InCor), na capital paulista. Lá, a MedRoom atuou na aplicação de modelos digitais usados por médicos para estudar a separação de gêmeas siamesas ligadas pelo tórax.

A partir da réplica digital dos sistemas dos corpos das meninas, a equipe médica pôde estudar possíveis planos de ação, utilizando recursos de realidade aumentada. Entre cirurgiões, enfermeiras e anestesistas, a equipe contou com mais de 40 profissionais.

Gusmão explica que a empresa teve cerca de duas semanas para preparar o modelo que serviu de base para o estudo pré-cirúrgico.

A separação das irmãs Sara e Eloá, em abril do ano passado, foi inédita no país e considerada bem sucedida. A família das meninas saiu de Alvorada do Oeste (RO) para realizar o parto e a cirurgia de separação em São Paulo.

Biólogo de formação, Gusmão diz que a participação da sociedade como um todo é importante no debate sobre tecnologia, porque assim é possível desenvolver soluções para problemas reais.

Hernandes, mediador do debate, pontua que avanços tecnológicos podem acirrar desigualdades, por não chegarem simultaneamente a todas as regiões do país —devido a diferenças econômicas.

Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2021, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 81% da população maior de dez anos têm acesso à internet, mas somente 39% dos domicílios possuem computadores.

Nas classes A e B, o número é de 99% e 83%, respectivamente. Enquanto nas classes D e E, a proporção é de 10%. A falta de estrutura e conexão de boa qualidade ainda são entraves para a inclusão digital, diz o levantamento.


Assista ao seminário:

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