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'Jet lag' social: sono insuficiente é doença e consta na lista da OMS

Dormir pouco e mal traz riscos à saúde, e metade dos brasileiros sofre esse problema

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Gabriela Cupani
Agência Einstein

Para milhões de pessoas, dormir pouco e mal faz parte da correria do mundo moderno. Há um certo costume em viver o chamado "jet lag" social, como se o problema fosse apenas uma questão de adaptação aos horários. No entanto, o que a maioria da população não sabe é que esse desajuste é uma doença que consta da lista da OMS (Organização Mundial da Saúde): é a Síndrome do Sono Insuficiente.

A doença é caracterizada quando o paciente dorme menos do que o necessário como uma "privação crônica", o que o impede de atingir o sono reparador. Pelas características da sociedade e das necessidades profissionais, esse fenômeno afeta uma grande parcela da população que precisa se levantar muito cedo e dormir muito tarde.

Mulher dormindo em teclado de computador
Síndrome do Sono Insuficiente impede de alcançar sono profundo e traz uma série de prejuízos ao organismo - Adobe Stock

"São pessoas que sofrem de uma privação crônica que é extremamente nociva para a saúde", diz a médica especialista em sono Maíra Honorato, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Estima-se que 1 a cada 3 americanos não consiga repousar o suficiente: isso representa entre 50 e 70 milhões de pessoas com problemas crônicos para dormir nos Estados Unidos. No Brasil, pesquisas apontam que quase metade da população tem dificuldades de sono.

Muito mais do que descanso

Dormir significa mais do que descansar: "Se o sono não tivesse uma função extremamente importante para processos vitais, ele não teria sentido evolutivo", lembra a especialista. Ele é responsável por restaurar todas as funções físicas e cognitivas do ser humano.

Ao dormir, a pessoa passa por uma queda da frequência cardíaca e da pressão arterial, além da liberação de hormônios envolvidos na reparação celular, no controle da fome e do sistema imunológico. Ocorrem, ainda, outros processos que só acontecem à noite, quando o cérebro vivencia todas as etapas do sono.

Há uma verdadeira faxina cerebral com a eliminação de resíduos metabólicos. O chamado sistema glinfático entra em cena e aumenta o fluxo do líquido cefalorraquidiano, que faz essa drenagem.

Estudos feitos principalmente com cobaias mostraram que indivíduos privados de sono têm mais elementos inflamatórios relacionados ao Alzheimer: "Quando eles [elementos] se acumulam ao longo do tempo, comprometem a plasticidade cerebral contribuindo para a degeneração", explica a médica Maíra Honorato.

Não à toa, menos tempo de descanso à noite aumenta o risco de problemas físicos e mentais, incluindo doenças crônicas cardiovasculares, diabetes, obesidade, depressão, além de problemas de atenção e memória.

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