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Ozempic em comprimido promove perda de peso significativa em estudos

Em um dos trabalhos os participantes chegaram a emagrecer 15% da massa corpórea enquanto tomavam o medicamento

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Dani Blum
The New York Times

A próxima versão do Ozempic e do Wegovy — os medicamentos injetáveis muito discutidos e conhecidos por sua capacidade de induzir a perda de peso — pode vir em forma de comprimido.

Pesquisadores apresentaram dados em dois estudos no domingo (25), durante a conferência das Sessões Científicas da Associação Americana de Diabetes. Um dos trabalhos mostrou que 50 mg de semaglutida —o composto ativo dos medicamentos— tomados oralmente todos os dias são aproximadamente tão eficazes quanto as injeções semanais de Wegovy no emagrecimento de pessoas com sobrepeso ou obesidade. As injeções de Wegovy contêm 2,4 mg de semaglutida.

Estudo aponta que semaglutida em comprimido atinge resultados semelhantes ao Wegovy - Mara Zemgaliete/Adobe Stock

Esse estudo, também publicado no domingo no The Lancet, acompanhou 667 pessoas ao longo de 68 semanas. Entre os que tomaram semaglutida, 85% perderam pelo menos 5% do peso corporal durante o estudo, em comparação com apenas 26% daqueles que receberam o placebo. Aqueles que consumiram semaglutida perderam, em média, cerca de 15% do peso corporal — aproximadamente seis vezes mais do que o grupo do placebo.

Um estudo separado, também apresentado no domingo e publicado no The Lancet, focou na semaglutida oral para pessoas com diabetes tipo 2. Mais de 1.600 participantes foram divididos em três grupos e receberam doses diárias de 14 mg, 25 mg ou 50 mg. Aqueles que tomaram as doses de 25 mg e 50 mg perderam mais peso e tiveram maiores reduções no nível de açúcar no sangue do que aqueles que tomaram a dose mais baixa.

A Novo Nordisk, empresa fabricante dos medicamentos injetáveis, financiou ambos os estudos.

"Eu suspeito que muitas pessoas não estão utilizando esses tratamentos porque eles exigem uma injeção", diz Robert Gabbay, diretor científico e médico da Associação Americana de Diabetes. "Se você pudesse dizer: 'Bem, na verdade, não precisa', isso seria algo importante."

Quanto maior a dose de semaglutida oral, mais efeitos colaterais parecem estar associados a ela. No estudo com pessoas com sobrepeso ou obesidade, 80% daqueles que tomaram semaglutida oral relataram problemas gastrointestinais, como vômitos, náuseas, constipação ou diarreia. Quase 13% disseram ter experimentado "sensação alterada na pele", como formigamento.

Os autores observaram que a maioria dos participantes do estudo eram mulheres brancas, o que significa que os resultados podem não se aplicar à população em geral de pessoas com obesidade.

O segundo estudo, em pessoas com diabetes, mostrou efeitos colaterais semelhantes: 80% daqueles que tomaram a dose de 50 mg relataram efeitos adversos, sendo os problemas gastrointestinais os mais comuns, que ocorreram com maior frequência em pessoas que tomaram doses mais altas em comparação com aquelas que tomaram 14 mg.

Entres os que receberam a dose de 50 mg, 13% interromperam o uso do medicamento devido aos efeitos colaterais. A semaglutida injetável apresenta reações adversas semelhantes: em um estudo anterior, 74,2% dos participantes que receberam 2,4 mg de semaglutida injetável por semana (a mesma quantidade presente no Wegovy) apresentaram distúrbios gastrointestinais.

A semaglutida oral não é novidade: já existe uma forma em comprimido desse composto no mercado, comercializada com o nome de Rybelsus. A FDA (agência americana reguladora de medicamentos e alimentos) aprovou esse medicamento apenas para adultos com diabetes tipo 2, e os comprimidos são administrados em doses diárias comparativamente menores, de até 14 mg.

As pílulas funcionam de maneira semelhante às injeções de semaglutida, regulando a insulina, reduzindo o açúcar no sangue e retardando o esvaziamento do estômago, fazendo com que as pessoas se sintam saciadas por períodos mais longos, afirmou Andrew Kraftson, professor associado clínico da Michigan Medicine.

Segundo Gabbay, o Rybelsus é menos eficaz do que o Ozempic e o Wegovy.

Não está claro quando, ou se, os comprimidos de semaglutida em doses mais altas chegarão ao mercado. Uma forma oral pode permitir que mais pessoas tomem esses medicamentos, indica Scott Hagan, professor assistente de medicina na Universidade de Washington, que estudou a obesidade, porque há uma barreira menor para engolir um comprimido em comparação com a injeção de um medicamento.

"É uma adição bem-vinda às opções de tratamento para pacientes que podem se beneficiar do controle de peso", disse ele.

O aumento do uso off-label de semaglutida entre pessoas que buscam o medicamento para perda de peso cosmética pode se intensificar se um comprimido de alta dose estiver disponível, afirmou A. Janet Tomiyama, professora de psicologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles, que estudou transtornos alimentares e estigma relacionado ao peso, e expressou preocupação com o impacto desses medicamentos na imagem corporal das pessoas.

"Sempre que existem medicamentos para perda de peso, sabemos que é uma ferramenta que as pessoas podem usar por motivos de distúrbio alimentar", disse ela, citando laxantes e comprimidos para dieta.

Conforme esses medicamentos vão se tornando populares, os clínicos devem se concentrar em saber se a semaglutida, em qualquer forma, pode ajudar a melhorar a saúde do paciente, em vez de apenas reduzir o peso corporal, afirmou Hagan.

"Estou preocupado com o uso generalizado desses medicamentos apenas para promover a perda de peso", disse ele, "e como isso contribui para nossa cultura alimentar em geral, nossa obsessão cultural com a magreza".

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