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Perder peso após os 65 anos está relacionado com maior risco de morte, diz estudo

Trabalho não levou em consideração se o emagrecimento era intencional; mais de 19 mil pessoas participaram

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Em novo estudo, pesquisadores da Austrália, Alemanha e Estados Unidos, mostraram que a perda de peso na terceira idade pode estar associada a um risco até 3 vezes maior de óbito. O trabalho foi publicado em abril na revista científica Journal of the American Medical Association.

Para chegar nessa conclusão, os especialistas acompanharam mais de 19 mil participantes com média de idade de 75 anos, sem sintomas evidentes de doenças cardiovasculares, demências, deficiência física ou doenças crônicas fatais. As flutuações do peso foram registradas durante dois anos e os pesquisadores não diferenciaram se o emagrecimento era intencional ou não.

Idoso na balança
Estudo publicado em abril mostra que emagrecimento na terceira idade aumenta o risco de morte - Andrey Popov/Adobe Stock

Os resultados mostraram que, para um idoso de 70 quilos, perder 7 kg (10%) está associado a um risco quase três vezes maior de morte. Mesmo em caso de menos emagrecimento, como 5% do peso corporal, as chances também aumentam em 33%. Entre as mulheres, as proporções são menores, mas a ameaça também existe. Aumentaram os óbitos por câncer e doenças cardiovasculares entre os que perderam peso.

Segundo os pesquisadores, o emagrecimento está associado à diminuição do apetite, um sinal de estágios iniciais de problemas crônicos.

Ana Flávia Torquato, endocrinologista do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC (Universidade Federal do Ceará), diz que quanto mais peso perdido em menos tempo, a probabilidade da causa ser uma doença silenciosa aumenta. Câncer, doenças do trato gastrointestinal, demência, depressão, doenças renais, endocrinológicas ou alcoolismo são algumas delas.

Por outro lado, os autores mostraram que a partir dos 65 anos os ganhos de peso não são a maior preocupação no que diz respeito à saúde dessa população. Comum até essa idade, o problema se reverte na velhice, e é o emagrecimento que se torna uma grande preocupação.

Para a geriatra do Hospital Universitário da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Isaura Peixoto, os mais velhos devem se preocupar em manter a massa corporal, ainda que seja com sobrepeso, para garantir maior longevidade.

São muitas as causas possíveis de emagrecimento involuntário. Peixoto afirma que elas passam primeiro pela boca, seja por perda do apetite, problemas de mastigação ou má-higiene bucal, mas também podem ser sociais. Idosos constantemente enfrentam problemas de isolamento, perda de parceiros, depressão, desinformação, má alimentação ou pobreza.

Por fim, afirma a especialista, também é importante levar em consideração os efeitos colaterais de medicamentos e as múltiplas doenças crônicas que podem provocar redução do peso. Somente após avaliar todos esses riscos, diz, é possível atribuir o emagrecimento à velhice.

"Nenhuma queixa da pessoa idosa pode ser atribuída à idade. Tudo tem que ser investigado. A perda de peso também. Se o paciente está emagrecendo, tem alguma coisa", afirma.

A perda de musculatura na terceira idade deixa o paciente predisposto a quedas, fraturas, e hospitalizações, além de também estar associada a maior mortalidade.

Pesquisadores internacionais, investigando os trabalhos científicos publicados sobre o assunto com dados de mais de 40 mil participantes, mostraram que essa condição, conhecida como sarcopenia, está diretamente ligada a um maior número de mortes, independente da população, da forma de diagnóstico ou do período de acompanhamento.

Detecção precoce do problema, por outro lado, pode reverter a doença em tempo hábil. Torquato indica acompanhamento nutricional e exercícios de força, como musculação, para os mais velhos. Essas intervenções se provaram eficazes em diversas pesquisas, como demonstram especialistas canadenses em um trabalho publicado no Journal of the American Medical Directors Association.

Por meio de uma meta-análise de estudos de controle randomizados, os pesquisadores concluíram que exercícios físicos mistos, isto é, treinos de resistência e aeróbicos, quando combinados com suplementação nutricional, são capazes de induzir aumento da massa muscular, melhora da força e da performance física.

Além disso, a médica destaca a importância do acompanhamento regular, principalmente para idosos com doenças crônicas. Ao perceber uma perda de peso não intencional, ou seja, 5% da massa corporal em um período de 6 a 12 meses, o paciente deve buscar uma avaliação profissional com geriatra ou clínico geral.

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