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Instituto Butantan desenvolve pomada cicatrizante para evitar queloides

Composição a partir de fungo da caatinga pode reduzir tempo de cicatrização

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São Paulo

Pesquisadores ligados ao Instituto Butantan estão desenvolvendo um creme cicatrizante, que ajuda a evitar infecções e formação de queloides e outros efeitos adversos na recuperação de feridas da pele.

A pesquisa, iniciada em 2010, parte da capacidade de um extrato do fungo Exserohilum rostratum de incitar a regeneração celular, processo diretamente ligado à cicatrização.

A espécie é típica do bioma da caatinga, que é considerado pouco explorado em pesquisas para formulações farmacêuticas.

Scar on the abdomen after removal of appendicitis and abdominal surgery. Body scars close up
Creme desenvolvido pelo Instituto Butantan pode reduzir tempo de cicatrização e evitar formação de queloides e cicatrizes - Adobe Stock

A partir do isolamento do fungo, foram encontradas duas moléculas que apresentaram atividade antimicrobiana, a primeira hipótese do estudo. Contudo, o efeito precisaria de uma concentração muito grande do composto, logo essa propriedade não foi considerada terapêutica.

A pesquisadora Ana Olívia de Souza explica que, para ter boa eficácia e evitar maior ocorrência de efeitos colaterais, é importante que os compostos estudados foram efetivos em concentrações mais baixas.

"Partimos para estudar outros efeitos e observamos que essas moléculas poderiam ter atividades cicatrizantes", relata a especialista.

Essa hipótese só foi levantada em 2014, quatro anos depois do início do estudo. Foram realizados estudos em feridas de pele, e a capacidade do composto de melhorar a cicatrização foi comprovada. Os testes foram feitos com uma composição em forma de creme.

Os resultados da pesquisa foram publicados em estudo de 2022 e também em maio deste ano. Além da eficácia, o composto também teve segurança comprovada pelos testes.

Souza destaca que, além de acelerar a cicatrização, o composto estudado também mantém a ferida mais seca, diminuindo o risco de infecção e secreção. Segundo a especialista, esse aspecto pode estar ligado à presença, mesmo que em baixa concentração, das propriedades antimicrobianas da molécula.

"Essa redução no tempo de cicatrização é relevante porque favorece a qualidade de vida do paciente", afirma a pesquisadora. Além disso, a utilização do creme promoveria uma cicatrização mais limpa e eficaz, evitando a formação de queloides e cicatrizes permanentes. Até o momento, a indicação seria para feridas de pele mais superficiais.

Próximos passos

A composição farmacêutica foi patenteada pelo Instituto Butantan e vendida para a startup BiotechnoScience Farmacêutica, que possui acordo com o instituto.

No momento, estão sendo estudados métodos para produção em grande quantidade e também outras possibilidades de formulação, como spray.

De acordo com Souza, o relatório para solicitação de registro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também está em processo de formulação. A previsão para entrega do pedido para Anvisa é entre final de 2024 e início de 2025, ainda segundo a pesquisadora.

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