Descrição de chapéu Alalaô

Kit Carnaval deve ter preservativo, repelente, álcool em gel, protetor solar e muita água

Risco de dengue, Covid e até de varíola dos macacos somam-se aos perigos das ISTs

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Ribeirão Preto

A turma do funil não pode mesmo dormir no ponto no Carnaval deste ano. Além da prevenção contra ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), os foliões também precisam estar atentos ao risco de dengue, chikungunya, zika vírus, Covid e até a varíola dos macacos, também chamada de Mpox.

Para ninguém chorar nos dias de festa, a dica é manter um kit básico de sobrevivência com preservativos, repelente, álcool em gel, protetor solar e, claro, muita água. De acordo com especialistas médicos, os riscos da festa podem ser mitigados com alguns cuidados extras.

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A Espetacular Charanga do França em desfile pelas ruas de Santa Cecília, no centro de São Paulo, no Carnaval 2023 - Danilo Verpa/Folhapress

Lina Paola Miranda Ruiz Rodrigues, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, recomenda evitar lugares próximos a regiões com água parada, como terrenos descampados ou lagoas. Assim, os foliões conseguem fugir do mosquito transmissor das arboviroses, como dengue, chikungunya e zika vírus.

Se não for possível, a dica é ao menos tentar usar roupas que cubram mais o corpo.

Josias Aragão, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual do Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual), pondera que não há recomendação para ficar em casa a fim de evitar o vetor das doenças.

"A despeito do estado de emergência da dengue em algumas cidades, não há a recomendação para evitar a saída de casa, até porque o Aedes aegypti com frequência está dentro das moradias", afirma.

O escudo é o repelente, que deve ser aplicado após o protetor solar a cada duas horas –ou menos, em caso de muita transpiração.

"O repelente deve ser aplicado inclusive nas roupas e em áreas cobertas", diz Aragão.

Com relação à Covid e outras doenças respiratórias, Rodrigues pontua que o principal desafio é a aglomeração. E já que contato físico é sinônimo de Carnaval, uma forma de mitigar riscos é usar a máscara cirúrgica –que pode até se tornar adereço se combinar com a fantasia.

"Mas como o uso da máscara é mais difícil, mais hidratação, guardar distância, não partilhar copo, bebidas, pode levar sim a prevenção dessas doenças respiratórias", afirma a médica.

A etiqueta pandêmica também volta com o abre alas, resgatando hábitos importantes, como, ao espirrar, cobrir a boca com o antebraço, o uso de álcool em gel e da limpeza das mãos com água e sabão.

"Não podemos esquecer da Covid-19 e demais infecções respiratórias. Portanto, é importante higienização frequente das mãos ao chegar em casa, antes de pegar em alimento e bebidas, ao usar o banheiro", afirma Aragão.

Outra iniciativa essencial é estar com todas as vacinas em dia, especialmente aquelas que protegem contra o coronavírus.

As dicas são especialmente úteis para quem vai curtir a festa no Norte do país, que teve aumento no número de casos de Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) associados à Covid, segundo o boletim InfoGripe da FioCruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Outro ponto de atenção dos especialistas é a varíola dos macacos. O surto da doença em 2022 deixou médicos em estado de atenção para festividades como o carnaval, uma vez que a transmissão ocorre, principalmente, por meio de lesões, fluídos e secreções.

"A doença é transmitida por lesões de pele, lesões genitais, por contato íntimo com as outras pessoas, o que no Carnaval acontece bastante", diz João Prats, também infectologista da BP de São Paulo.

O ideal é evitar contato com peles lesionadas e que apresentem feridas com secreções (os especialistas também recomendam evitar beijar muita gente desconhecida na boca).

E seja qual for o inimigo, a hidratação é uma grande defesa. Como a cachaça vem do alambique e não do ribeirão, a ingestão de água deve ser constante e alternada com qualquer consumo de álcool para evitar desidratação.

"Nesse período de calor intenso, não podemos deixar de manter a boa hidratação. Deve-se ingerir água com frequência", afirma Aragão.

E quando acabar a folia e bater a larica, cuidado com o podrão. As intoxicações alimentares por bactérias podem ser um problema tanto para adultos, como para crianças. Para evitá-las, Prats recomenda que, se não houver opção de não comer na rua, a pessoa opte por comidas quentes, que tenham sido expostas a temperaturas elevadas no cozimento ou, em último caso, até mesmo frituras.

"Preferir a comida quente ajuda a prevenir essas doenças transmitidas por alimentos. E escolher, claro, fontes confiáveis", afirma o médico da BP.

E se for chover ou fazer calor, é bom lembrar de botar a camisinha. Se faltar, por qualquer motivo, o uso de preservativo ou da PrEP (profilaxia pré-exposição) nas relações sexuais, deve-se procurar pelo serviço de saúde mais próximo que ofereça tratamento com PEP (profilaxia pós-exposição). O indicado é que a intervenção seja feita em, no máximo, 72h após o contato sexual.

"Quem tiver sintomas de alguma IST deve procurar pelo serviço médico para pronto tratamento, além de evitar contato sexual durante o período de investigação", afirma Aragão.

Também deve procurar atendimento médico o folião que apresentar sintomas como febre por mais de 48 horas, dor abdominal, muscular ou nas articulações, além de tontura, vômitos, dificuldade respiratória, manchas, feridas, e sangramentos na pele ou na gengiva.

Palidez excessiva pode indicar quadro de desidratação e precisar de cuidados médicos. Os indícios são sonolência exagerada, mãos frias e pegajosas e frequência cardíaca elevada. Cuide-se!

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