Usuários de medicamento para emagrecer registram redução de pressão arterial

Estudo com a substância tirzepatida mostrou que os participantes tiveram pressões arteriais significativamente mais baixas após 36 semanas de uso

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Gina Kolata
The New York Times

Um estudo do medicamento para perda de peso tirzepatida mostrou que as pessoas que o tomaram tiveram pressões arteriais significativamente mais baixas após 36 semanas de uso da medicação.

A tirzepatida, fabricada pela Eli Lilly, é usada para tratar diabetes tipo 2, sob o nome comercial Mounjaro, e para tratar obesidade, sob o nome comercial Zepbound. É a mais recente entre uma nova classe de medicamentos para perda de peso, e seu principal concorrente é a semaglutida, fabricada pela Novo Nordisk e vendida como Ozempic para diabetes e como Wegovy para perda de peso.

Para ambos os medicamentos, os pesquisadores têm avaliado se eles têm efeitos adicionais que vão além da perda de peso.

Caixas dos medicamentos Ozempic e Mounjaro - George Frey/Reuters

O estudo de pressão arterial, apoiado pela Eli Lilly e publicado na segunda-feira (5) no periódico Hypertension, fez parte de um esforço maior para avaliar os efeitos da tirzepatida na perda de peso. Os pesquisadores já haviam descoberto que as pessoas que tomaram o medicamento tinham pressões arteriais mais baixas quando as leituras eram feitas no consultório médico.

O novo estudo aplicou critérios mais rigorosos: os participantes que tomaram o medicamento tinham pressões mais baixas quando medidas com um monitor de 24 horas? Tinham. Aqueles que tomaram o medicamento tinham pressões arteriais sistólicas —a pressão sobre os vasos sanguíneos quando o coração se contrai— que eram de 7,4 a 10,0 milímetros de mercúrio mais baixas do que as dos participantes que tomaram um placebo. A pressão sistólica é considerada um preditor preciso do risco de doenças cardíacas.

A redução da pressão arterial, diz James de Lemos, cardiologista do Centro Médico da Universidade do Texas Southwestern e autor principal do estudo, é aproximadamente o que se esperaria com uma dose completa de um medicamento para pressão arterial. Como tal, ele disse, o medicamento pode ser útil para pessoas que tentam controlar sua pressão e reduzir o risco de ataque cardíaco e derrame (embora o estudo não sugira que a tirzepatida seja substituída por outros medicamentos para pressão arterial).

Mas, observou, não foi possível distinguir o efeito —se houver— que o medicamento teve na pressão arterial do efeito bem conhecido que a perda de peso tem na redução da pressão arterial.

Benjamin Ansell, especialista em pressão arterial da Universidade da Califórnia, Los Angeles, que não participou do estudo, disse que não achou o resultado surpreendente. "Além disso, poder-se-ia também hipotetizar que a perda de peso permitiu mais exercício ou melhorou o sono/reduziu a apneia do sono, qualquer um dos quais poderia reduzir adicionalmente a pressão arterial", afirmou.

Um efeito mais interessante de um medicamento dessa classe, observou Ansell, é a recente descoberta de que a semaglutida ajuda pacientes com uma condição conhecida como insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada —um resultado comum da obesidade e pressão arterial alta. É uma doença crônica e progressiva que é debilitante e destrói a qualidade de vida. A maioria dos pacientes com esse tipo de insuficiência cardíaca tem obesidade, e a obesidade é considerada uma contribuição para a doença e sua progressão.

Em um grande estudo da Novo Nordisk, os pacientes que tomaram semaglutida tiveram menos sintomas da doença e foram capazes de se exercitar melhor, descobriram os pesquisadores. Esse resultado, acrescentou Ansell, "mostrou uma significância clínica profunda na melhoria de sua função enquanto reduz as hospitalizações".

E essa descoberta se soma a outro resultado da Novo Nordisk mostrando que a semaglutida reduziu o risco de eventos cardíacos, como ataques cardíacos.

Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.

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