Descrição de chapéu Todas

Quando o acesso aos direitos reprodutivos é feito por uma porta estreita

Edição da newsletter Todas fala sobre a nova série da Folha

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é mais uma edição da newsletter Todas, que apresenta discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres. Quer recebê-la às quartas-feiras no seu email? Inscreva-se abaixo:

Por meio da iniciativa Todas, começamos a publicar na Folha neste mês a série Direitos Reprodutivos, que fala dos desafios e debates acerca do tema, ainda muito sensível no Brasil.

Quando pensamos no assunto é comum que logo nos venha à cabeça questões relacionadas ao aborto, seja o procedimento feito de forma legal ou a descriminalização. A verdade, porém, é que essa expressão é como um amplo guarda-chuva.

Diz a respeito, por exemplo, a nossa prole. Se queremos ou não ter filhos, quantos desejamos ter e em que momento das nossas vidas. Fala também sobre nosso direito de exercer a sexualidade e a reprodução sem sofrer discriminação, imposição e violência. E além disso, direito a informações e técnicas de reprodução e contracepção.

Curvas em cores rosadas forma imagem de mulheres com ventre e seios protuberantes
Iniciativa Todas lança série sobre direitos reprodutivos - Catarina Pignato

Então, no final, diz sim respeito ao aborto. Mas também a métodos que auxiliam na concepção, como a fertilização in vitro e o congelamento de óvulos, e técnicas de contracepção, como DIU, camisinha, laqueadura, vasectomia, pílula contraceptiva e pílula do dia seguinte.

Por fim, também é sobre acesso à informação para sabermos tomar as melhores escolhas.

A questão principal é que o assunto é desproporcionalmente ligado às mulheres pelo histórico de que nós somos as principais responsáveis pelo cuidado e a família, e que ainda que sejam direitos, o acesso é por um estreito gargalo.

Mostramos isso na primeira reportagem, que contou como mulheres grávidas que passam por situações em que o aborto é autorizado enfrentam dificuldades para fazer o procedimento. São recusas médicas, humilhações e constrangimento. Mesmo quando a lei está do lado delas, essas mulheres ficam à mercê de médicos e juízes. Juliana Reis, fundadora da ONG Milhas pelas Mulheres, disse à repórter Geovana Oliveira que esse é o "feijão com arroz" do atendimento para aborto legal.


Para falar sobre o tema e os direitos das mulheres, a correspondente nos Estados Unidos, Fernanda Perrin, conversou com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, durante a passagem da chefe da pasta por Nova York para evento da ONU.

O tema se tornou sensível para o governo Lula após o presidente afirmar durante a pré-campanha que essa era uma questão de saúde pública e, após a fala ser usada por adversários, se posicionar contra o procedimento.

A ministra disse que não quer reduzir mulheres ao aborto, e afirmou que fazer a discussão sem o debate a respeito de contracepção seria irresponsabilidade.

Sobre contracepção, publicamos uma reportagem falando do Amazonas, que tem uma das maiores taxas de gravidez na adolescência no país. A repórter Bárbara Blum foi até a Autazes e mostrou como a gestação precoce no estado é agravada por falta de acesso a contraceptivos.

E quando o assunto é a concepção por desejo, nem sempre dá para contar com auxílio do Estado.

Embora os direitos reprodutivos também digam respeito, por definição do Ministério da Saúde, a informações sobre técnicas de concepção, casais são privados da FIV no SUS. A repórter especial Cláudia Collucci mostra que dos 197 centros do país, só quatro atendem a rede pública. Mulheres esperam anos para ter acesso ao procedimento e, quando conseguem, na maioria das vezes precisam bancar parte dos medicamentos, custo que pode chegar a R$12 mil.

Ou seja, nós, mulheres, não temos sequer o amplo acesso aos direitos reprodutivos.

Para ler na Folha

Ainda no mesmo tema, a pesquisadora Diana Greene Foster conversou com a repórter Bárbara Blum sobre mulheres que abortam, e suas pesquisas mostram que elas sentem alívio, não arrependimento.

Mudando de assunto… Metade das mulheres brasileiras já sofreu violência doméstica e familiar, relata Fernanda Perrin. Os dados são do Mapa Nacional da Violência de Gênero, divulgado na última semana na ONU. Clicando aqui você encontra formas de denunciar a violência contra mulher.

Para finalizar, boas notícias! Mulheres precisam de menos atividade física do que homens para reduzir o risco de morte por doenças cardiovasculares ou crônicas. É o que diz um estudo do Colégio Americano de Cardiologia que incentiva a prática entre nós e acende discussões sobre a frequência mínima recomendada.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.