Nos últimos anos, tem crescido no mercado a oferta de desodorantes naturais que prometem ser menos agressivos na pele, sem álcool ou alumínio —substância considerada prejudicial por bloquear os poros e supostamente ligada a doenças como o câncer de mama.
Esses produtos podem custar até quatro vezes mais que um desodorante ou antitranspirante tradicional, gerando dúvidas sobre o custo benefício de trocá-los na rotina de cuidados pessoais.
A BBC conversou com o dermatologista Adil Sheraz e com Barbara Olioso, química especializada na composição de produtos naturais, para entender o que é ciência por trás dessas afirmações e o que é marketing.
"Essas glândulas também produzem suor, mas sua composição é um pouco diferente: elas contêm ácidos graxos, carboidratos, alguns lipídios complexos e esteroides. Quando esse suor é liberado, as bactérias que normalmente vivem em nossa pele se alimentam desses componentes e isso cria o odor que você associa à transpiração", diz Sheraz.
O ser humano tem aproximadamente 2 a 4 milhões de glândulas sudoríparas no corpo. As glândulas apócrinas estão presentes nas axilas, virilha, couro cabeludo e em algumas áreas do rosto. As glândulas écrinas, que estão espalhadas pelo corpo todo, liberam água e sais e não apresentam nenhum tipo de odor.
"As glândulas apócrinas produzem suor com uma composição diferente, contendo ácidos graxos, carboidratos, alguns lipídios complexos e esteróides. Quando esse suor é liberado, as bactérias que normalmente vivem em nossa pele se alimentam desses componentes e isso cria o odor associado à transpiração", diz Sheraz.
Quem é quem
Para evitar o mau odor, geralmente são utilizados três tipos de produtos: desodorantes, antitranspirantes e desodorantes naturais.
Os desodorantes reduzem o odor matando bactérias ou mascarando o odor que geram, mas não têm impacto na quantidade de suor que uma pessoa produz.
Os naturais costumam ser feitos a partir de uma "mistura de produtos antibacterianos naturais, como extrato de sálvia ou derivados de zinco, com ingredientes absorventes de suor, como vários tipos de amidos, e bicarbonato de sódio", diz Olioso.
Ao contrário desses últimos, os antitranspirantes —predominantemente baseados em compostos de alumínio— formam uma cobertura temporária nos canais de suor e interrompem o seu fluxo para a superfície da pele.
Sobre os antitranspirantes, Sheraz afirma que "se pensarmos na quantidade de glândulas sudoríparas que temos, as das axilas representam apenas entre 1% e 2% do total. Portanto, bloquear esses poros com alumínio não terá efeito prejudicial no suor que você produz".
Embora existam alguns estudos que associam o alumínio a certas condições médicas, como câncer de mama ou demência, Sheraz diz que "se olharmos para todos esses estudos, veremos que não há provas conclusivas que o alumínio cause alguma dessas condições".
A melhor escolha
Antitranspirantes podem causar irritação na pele das axilas, por causa das demais substâncias químicas que eles contêm. Mas isso, ressalta o dermatologista, se deve ao uso incorreto do produto.
Por esse motivo, Sheraz recomenda aplicar antitranspirante à noite e lavar as axilas na manhã seguinte.
Com o tempo, o alumínio irá acumular-se nos dutos e bloqueá-los. Assim, mesmo aplicando à noite, os resultados serão percebidos no dia seguinte, pois terá menos transpiração. Mas, segundo Sheraz, "isso leva pelo menos uma semana para fazer efeito".
No fim das contas, a melhor opção é uma questão de preferência.
"Se o desempenho e a proteção a longo prazo são fundamentais para você, escolha um antitranspirante. Se você tem um estilo de consumo mais ecológico e não se importa com um desempenho mais fraco e mais duradouro, opte por um natural", diz Olioso.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.