Descrição de chapéu Coronavírus

Na Espanha, só 5% contraíram coronavírus, e imunidade de rebanho fica bem longe

Estudo testou 70 mil pessoas no país nos últimos três meses, e índice de imunizados não mudou muito

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Madri e São Paulo | Reuters

Resultados da etapa final de um estudo de anticorpos mostrou que cerca de 5,2% da população da Espanha foi exposta ao coronavírus, disseram autoridades de saúde na segunda-feira (6). A pesquisa, publicada na revista médica inglesa Lancet, confirmou as conclusões das etapas anteriores.

O estudo, que testou quase 70 mil pessoas em toda a Espanha por três vezes nos últimos três meses, descobriu que a prevalência do vírus não se modificou de modo significativo desde que os resultados preliminares foram publicados, em maio.

Isso significa que a chamada imunidade de rebanho —quando a porcentagem de pessoas “imunizadas” é tamanha que confere proteção àqueles que ainda poderiam ser infectados —, sem a vacina, parece um objetivo bastante distante.

Segundo o infectologista brasileiro Esper Kallás, da USP, é possível calcular a porcentagem necessária para atingir a imunidade de rebanho. Em vírus de transmissão respiratória, por exemplo, precisam estar protegidas 92% a 95% da população no caso do sarampo, 83% a 86% para a rubéola e 33% a 44% para a gripe, causada pelo vírus influenza. Ainda não se sabe qual porcentagem de pessoas protegidas será necessária para que seja interrompida a transmissão do novo coronavírus.

O novo estudo também sugeriu que a imunidade ao vírus pode durar pouco, com 14% dos participantes que testaram positivo para anticorpos na primeira etapa posteriormente dando negativo na etapa final.

"A imunidade pode ser incompleta, pode ser transitória, durar um tempo curto e depois desaparecer", disse Raquel Yotti, diretora do Instituto de Saúde Carlos 3º da Espanha, uma das autoras do estudo.
A perda de imunidade foi mais comum entre as pessoas que não apresentaram sintomas.

Em uma entrevista coletiva, Yotti pediu que os espanhóis continuem sendo prudentes, especialmente os que se recuperaram do vírus e se consideravam imunes.

"Não podemos relaxar, temos de continuar nos protegendo e protegendo os outros", disse ela.

Atingida por um dos surtos mais severos do mundo, a Espanha confinou a população a suas casas em meados de março, levantando gradualmente as restrições a partir de maio, quando o índice de mortes diminuiu.

As fronteiras internacionais foram abertas no início de julho, dando uma injeção no setor de turismo do país, que sofre grande dificuldade.

Em um sinal de que o risco está longe de terminado, porém, as regiões de Galícia e Catalunha impuseram quarentenas locais no fim de semana, isolando cerca de 270 mil pessoas depois que foram detectados pequenos surtos.

A Catalunha, que em 2019 foi a região da Espanha mais visitada por turistas estrangeiros, tentou na segunda-feira tranquilizar os visitantes, dizendo que o lockdown no condado de Segria só afetava 2,5% da população da região.

"A Catalunha continua aberta e com todas as garantias", disse a autoridade regional de Relações Exteriores, Bernat Sole, em uma entrevista coletiva. "Turistas e o setor comercial e econômico podem entrar e sair da Catalunha nas mesmas condições [que antes]."



Colaboraram na reportagem Nathan Allen, Inti Landauro e Joan Faus.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.