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Vacina de Oxford reduz transmissão do coronavírus, diz estudo preliminar

Dados mostram que imunizante tem potencial para evitar até mesmo casos assintomáticos

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São Paulo

Resultados preliminares divulgados pela Universidade de Oxford na terça-feira (2) indicam que a vacina Covishield, desenvolvida pela instituição em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, pode fazer mais do que evitar mortes, casos graves, leves ou assintomáticos da Covid-19 —O imunizante também impede que quase 70% dos vacinados se infectem com o coronavírus e, assim, não transmitam a doença.

De acordo com os pesquisadores, o resultado mostra que, associado ao uso de máscaras e ao distanciamento social, o imunizante pode ser uma importante arma para barrar novos casos da doença, inclusive os casos assintomáticos (pessoas que se infectam com o patógeno e não têm nenhum sintoma, mas podem passar o vírus adiante).

Esta é a primeira vez que uma vacina contra a Covid-19 demonstra a capacidade de barrar a transmissão, o que tem grande impacto sobre a mitigação da pandemia. Outros estudos de vacinas já em uso pelo mundo buscaram conhecer a potência do imunizante para evitar casos sintomáticos da doença.

Via de regra, voluntários que manifestavam alguma característica da Covid-19 eram encaminhados para realização do teste RT-PCR, que detecta a presença do vírus no corpo.

Segundo um artigo publicado no formato de pré-print, isto é, ainda não revisado por outros cientistas, a Covishield reduziu a transmissão do vírus em 67% após a primeira dose da vacina. O trabalho é atualmente revisado para ser publicado na revista científica The Lancet.

Para chegar ao resultado, os participantes do estudo com a vacina no Reino Unido (quase 9.000 pessoas) tiveram amostras de secreção do nariz e da garganta coletadas semanalmente para a realização do teste RT-PCR —a logística para fazer exames do tipo em todos os voluntários com tamanha frequência é um dos principais desafios para avaliar a capacidade que o imunizante tem de reduzir a transmissão.

"É uma notícia excelente", afirma o imunologista Daniel Santos Mansur, professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). "Os resultados mostram que entre os vacinados há menos casos assintomáticos, o que significa que o imunizante bloqueia a transmissão", diz.

Na avaliação de Mansur, os dados ainda precisam ser confirmados com novos estudos que incluam um número maior de participantes e voluntários em outras regiões do mundo, principalmente onde novas variantes do vírus circulam, como é o caso do Brasil e da África do Sul.

"Não acredito que esse resultados sejam só para essa vacina. Devemos ver capacidade semelhante em boa parte dos outros imunizantes", afirma o cientista.

No mesmo artigo, os pesquisadores publicaram dados que mostram que a Covishield é eficaz mesmo quando o intervalo entre as duas doses é ampliado para 12 semanas, como o Reino Unido já faz.

Segundo os resultados divulgados, a eficácia fica em 76% do 22º dia após a primeira vacinação até o 90º dia, quando a segunda dose é aplicada. Após as duas doses, a eficácia sobe para 82,4%.

Erramos: o texto foi alterado

Uma versão anterior deste texto afirmava que a Covishield era desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNTech. Na verdade, a vacina é produzida em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.

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