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Agência europeia defende manter aplicação da vacina de Oxford

Regulador ainda pesquisa se trombose grave pode estar ligada a imunizante, mas diz que eventos são raríssimos e benefícios de vacinar superam riscos

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Bruxelas

A agência regulatória de medicamentos europeia (EMA) afirmou nesta terça (16) que não há até agora evidências científicas que desautorizem o uso da vacina de Oxford/AstraZeneca contra Covid-19. “Estamos firmemente convencidos de que os benefícios do imunizante superam os riscos”, afirmou a diretora-executiva da EMA, Emer Cooke.

A avaliação foi repetida cinco vezes durante a entrevista, que durou 50 minutos. Cooke, no entanto, não quis responder se condenava a atitude dos ao menos 18 países europeus que suspenderam a administração da vacina após relatos de acidentes vasculares em pessoas imunizadas —nesta terça, a Suécia se tornou o 19º a pausar a vacinação "até que a EMA conclua as investigações".

A reprovação foi feita de forma indireta: “Estamos em uma crise sanitária gravíssima, com forte sobrecarga dos sistemas de saúde, e a vacina protege contra a Covid-19, que mata milhares de pessoas todos os dias”.

Ela também se disse preocupada com o fato de que as suspensões anunciadas pelos governos “sem evidência científica” reduzam a confiança da população nos imunizantes.

Segundo Cooke, apesar da convicção de que os benefícios superam os riscos, a EMA convocou seu grupo de especialistas em segurança de vacinas para estudar todos os casos relatados de uma trombose venosa cerebral rara, que geralmente ocorre em pacientes com plaquetas anormais e causa acidente vascular cerebral.

Na população, afeta 5 pessoas em cada 1 milhão, de acordo com o diretor do Instituto de Pesquisa Cardiovascular e Metabólica da Universidade de Reading (Reino Unido), Jon Gibbins.

Cooke disse que não poderia informar com certeza quantos casos desse tipo haviam sido relatados até agora, porque a EMA continuava recebendo informações dos países europeus —até 10 de março, havia 13 relatos, de acordo com ela. Cerca de 7 milhões de pessoas já receberam ao menos uma dose da vacina da AstraZeneca nos 29 países acompanhados pelo ECDC (centro de controle de doenças infecciosas europeu).

“Casos semelhantes não apareceram nos ensaios clínicos e não são esperados como efeito colateral das vacinas, mas nossa função é investigar cientificamente”, disse Cooke.

O foco do estudo da agência são os eventos cerebrais raros, afirmou Peter Arlett, chefe de farmacovigilância da EMA, e não casos de trombose em geral, cuja proporção entre vacinados, segundo ele, é muito menor que a encontrada na população como um todo.

O grupo de especialistas está revisando dados epidemiológicos dos locais em que casos foram relatados e a história clínica dos pacientes que sofreram as tromboses.

Caso seja encontrada uma relação de causa e efeito entre a vacina e os eventos graves, os especialistas vão discutir se há recomendação adicional a fazer sobre a vacinação de pacientes específicos, segundo Arlett. O grupo deve divulgar os resultados de sua análise na quinta (18).

Cooke disse que há relatos de tromboses também em pessoas que tomaram outros imunizantes, mas que, no momento, a EMA está se concentrando na vacina da AstraZeneca, porque foi a que gerou preocupação nos países europeus.

Pesquisadores afirmaram que, mesmo em relação aos acidentes vasculares, a vacinação tem mais benefícios que risco, porque já está estabelecido que a Covid-19 pode provocar trombose.

“Sabemos que a Covid causa grandes problemas aos sistemas de coagulação do corpo, e muitos deles são bastante comuns, alguns com consequências graves. Portanto, mesmo se houvesse um problema raro claramente ligado a determinado imunizante, o benefício geral seria muito maior”, disse nesta terça o professor de farmacoepidemiologia da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres Stephen Evans.

Uma avaliação paralela dos casos de trombose relatados em pacientes que tomaram a vacina da AstraZeneca está sendo feita pelo grupo de especialistas em segurança vacinal da OMS (Organização Mundial da Saúde), que deve fazer um comunicado nesta terça.

Na segunda (15), a entidade afirmou que os países não deveriam interromper seus programas de vacinação, pois isso traria muito mais prejuízos à saúde pública.

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