Descrição de chapéu Rio de Janeiro Coronavírus

Fiocruz reduz pela metade estimativa de produção de vacina contra Covid nacional

Fundação agora calcula 50 milhões de doses neste ano, além de mais 50 milhões com IFA importado

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Rio de Janeiro

A Fiocruz recebeu nesta quarta (2) bancos de vírus e de células que vão permitir o início da primeira produção inteiramente nacional de uma vacina contra a Covid-19. A fabricação deve começar nas próximas semanas e as entregas devem ocorrer a partir de outubro.

A quantidade prevista do imunizante feito no país, porém, foi bastante reduzida em relação à estimativa inicial. A fundação calcula que serão cerca de 50 milhões dessas doses disponibilizadas até o fim do ano, sendo que antes eram estimadas 110 milhões.

A ideia é suprir a diferença com a importação de mais IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), que ainda está em negociação, suficiente para produzir 50 milhões de doses adicionais. Assim, o total de vacinas da AstraZeneca/Oxford oferecidas no segundo semestre somaria 100 milhões.

"A nossa meta é ir ao máximo. Os 110 milhões foram uma estimativa com os dados que tínhamos antes mesmo de a vacina ter sido aprovada, de várias etapas terem acontecido, dos problemas iniciais com o IFA", justificou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, em entrevista coletiva.

Ela admitiu o risco de haver uma espécie de hiato entre o fim da produção com o insumo importado e o início das entregas da fabricação nacional, possivelmente em agosto ou setembro, mas disse que a fundação está trabalhando para que isso não aconteça, já que a fábrica tem uma alta capacidade de produção.

"Continuaremos trabalhando paralelamente na produção com o IFA importado. Temos um bom quantitativo a receber do primeiro contrato e estamos estabelecendo outro contrato para obter ingredientes adicionais, para que não haja interrupções nessa produção", disse Maurício Zuma, diretor da fábrica de Bio-Manguinhos.

Nesta semana, a Fiocruz ultrapassou o Butantan como a maior fornecedora de imunizantes para o Brasil. Foram 47,6 milhões de doses disponibilizadas pela fundação até agora, ante 47,2 milhões enviadas pelo instituto paulista —que precisou interromper a produção por falta de matéria-prima, mas já a retomou.

Com o IFA existente neste momento no país, estão garantidas mais 18,5 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford até 3 de julho, em entregas semanais, e 5 milhões da Coronavac, que devem ficar prontas dentro de duas semanas. Mas a expectativa é que cheguem mais insumos.

Os bancos de células e de vírus recebidos nesta quarta pela Fiocruz, vindos dos Estados Unidos, são considerados o coração da tecnologia para fazer o imunizante. O primeiro foi enviado em nitrogênio líquido, mantido a aproximadamente -150°C. Já o segundo, em gelo seco, a cerca de -80°C.

O material será descongelado e depois passará por diversos processos até se transformar no IFA da vacina, entre eles expansão celular, biorreação, clarificação, purificação, formulação, filtração final, congelamento e controle de qualidade.

A transferência dessa tecnologia foi formalizada num contrato assinado nesta terça (1º) pela fundação e pela farmacêutica AstraZeneca. Na prática, porém, o conhecimento já vem sendo passado à instituição desde agosto do ano passado, segundo Zuma.

Com doações privadas, foram feitas as adaptações da fábrica e a aquisição dos equipamentos, que já receberam certificados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância em Saúde). Agora, a equipe está sendo treinada e os últimos documentos estão sendo providenciados.

"Trata-se de uma produção complexa que incluirá uma série de etapas, passando pela produção inicial de dois lotes de pré-validação e três de validação [...] até alcançar a produção em larga escala", explica nota da Fiocruz, que diz que terá capacidade para produzir IFA suficiente para 15 milhões de doses mensais.


Calendário da Fiocruz

  • Já entregues: 47,6 milhões
  • Garantidas até 3 de julho: 18,5 milhões
  • 2º semestre: 100 milhões, sendo 50 milhões com IFA importado e 50 milhões produzidas aqui
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