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Entidade médica alerta para falha no acesso a remédios contra a Covid no Brasil

Mesmo com aprovação pela Anvisa, medicamentos ainda têm distribuição inadequada no SUS, aponta Sociedade Brasileira de Infectologia

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São Paulo

A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) divulgou nesta quarta (5) uma nota em que expressa preocupações sobre o acesso a medicamentos utilizados para tratamento da Covid-19 no Brasil.

No documento, a entidade cita cinco fármacos que já foram aprovados pela Anvisa para uso em pacientes com a infecção viral, mas que ainda passam por empecilhos para serem distribuídos na saúde pública.

Pílulas do molnupiravir, um dos remédios mencionados na nota divulgada da SBI - Merck & Co Inc/Handout - Reuters

Um desses medicamentos é o paxlovid, aprovado para uso emergencial em março, mas cujas primeiras 50 mil unidades só foram recebidas pelo país na semana passada. Mesmo com a entrega, ainda existem dificuldades de distribuição, diz a SBI. "Até o presente momento não houve distribuição da medicação para os estados da federação."

A entidade diz que a incorporação do remédio é importante por ser indicado para casos leves e moderados de modo a evitar o desenvolvimento de complicações graves em pacientes de maior risco.

Outro remédio é o baracitinibe. Aprovado pela Anvisa em setembro de 2021, ele é sugerido para pacientes graves com oxigenação suplementar a fim de impedir que o quadro evolua para necessidade de internação em UTI.

Em relação ao Brasil, a SBI critica a falta de transparência de como se encontra a distribuição do remédio para as secretarias estaduais de saúde e para hospitais que tratam casos graves de Covid-19.

A situação do molnupiravir no Brasil é mais um ponto levantado pela SBI. O remédio é recomendado para pacientes em fase inicial da doença. Estudos já mostraram que a droga é eficaz em barrar a evolução para quadros graves da doença, diminuindo risco de morte e hospitalização.

No entanto, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) —órgão vinculado ao Ministério da Saúde— não aprovou a incorporação do tratamento no SUS, ponto que é criticado pela SBI.

Em situação parecida está o remdesivir, um remédio aplicado diretamente na veia do paciente. Pesquisas já demonstraram sua eficácia para casos leves, moderados e graves quando ocorre oxigenação suplementar não invasiva. Mesmo assim, a Conitec optou por não incorporar o remédio ao SUS.

"É recomendável que a decisão de não incorporação do remdesivir pela Conitec seja rediscutida, [...] especialmente porque importantes estudos sobre esse tópico foram publicados após essa resolução [da Conitec]", afirma a SBI.

A associação dos anticorpos monoclonais tixagevimabe e cilgavimabe são os últimos apontados pela SBI na nota publicada. O tratamento tem eficácia para evitar infecções sintomáticas do Sars-CoV-2 em pacientes de maior risco. A Anvisa já aprovou o uso do remédio no Brasil.

No caso do SUS, a Conitec optou, em junho, por não incorporar a combinação. Um mês depois, a comissão lançou uma consulta para a comunidade colaborar com informações para uma possível reconsideração da decisão tomada.

Após a análise dessas contribuições, a comissão continuou com o posicionamento de não recomendar os anticorpos monoclonais, ao contrário do defendido pela SBI.

"A Sociedade Brasileira de Infectologia reitera ser favorável à incorporação de cilgavimabe + tixagevimabe no âmbito do SUS por entender ser intervenção fundamental na prevenção de infecção pelo Sars-CoV-2 em indivíduos com alto risco de progressão para Covid-19 grave e com menor eficácia vacinal", conclui a entidade na nota.

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