Estudo confirma maior risco de trombose com vacina anticovid da AstraZeneca

Apesar de ser muito raro, problema é mais frequente após aplicação do imunizante da AstraZeneca, em comparação com o da Pfizer

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Paris | AFP

Os casos de trombose são mais frequentes depois da aplicação da vacina contra Covid da AstraZeneca do que do imunizante da Pfizer/BioNTech, embora os casos sejam muito raros, diz um estudo publicado nesta quinta-feira (27, noite de quarta em Brasília).

"Depois de uma primeira dose [da vacina AstraZeneca], observa-se um risco 30% maior de trombocitopenia em comparação com uma primeira dose [da vacina da Pfizer/BioNTech]", assinala o estudo em larga escala publicado pelo British Medical Journal (BMJ).

Doses da vacina da AstraZeneca contra o coronavírus, em um consultório médico em Deisenhofen, na Alemanha - Lennart Preiss - 31.mar.2021/AFP

A trombocitopenia é uma forma de trombose, ou seja, a formação de um coágulo sanguíneo junto a uma quantidade muito baixa de plaquetas (células que atuam na coagulação sanguínea). Se não tratada e identificada rapidamente, ela pode ter consequências potencialmente mortais.

Após o lançamento de campanhas de vacinação contra a Covid-19 desde 2021, rapidamente se suspeitou de um vínculo entre as vacinas de vetores adenovirais —AstraZeneca e Johnson & Johnson— e o surgimento desses problemas sanguíneos.

O estudo, realizado a partir de dados sanitários de milhões de pacientes em vários países de Europa e Estados Unidos, confirma que essas tromboses são mais frequentes após a vacina da AstraZeneca, mas, mesmo assim, são muito raras: 862 casos para mais de um milhão de vacinados.

O risco parece aumentar depois da primeira dose. Depois da segunda, não há diferença entre as vacinas AstraZeneca e Pfizer/BioNTech.

Ainda de acordo com o estudo, os eventos de trombose com trombocitopenia foram reportados majoritariamente em mulheres com menos de 60 anos, algo que já havia sido reportado no passado. Tais eventos podem estar relacionados ou não ao uso de pílulas anticoncepcionais, porém um estudo associando tal uso e o possível risco ainda não foi detalhado.

Segundo os autores, a descrição patológica do evento ainda segue em investigação. Um dos possíveis mecanismos por trás desses casos foi batizado de trombocitopenia imune induzida por vacina (na sigla em inglês, VIIT) e é similar a outro fenômeno já descrito chamado trombocitopenia induzida por heparina (na sigla em inglês, HIT).

Para entender melhor o que desencadearia essa reação, é preciso pensar no sistema imunológico como um sistema com reações em cadeia que ativam células de defesa para atacar o corpo estranho. O alvo do sistema imune, no caso, são as próprias células do corpo.

Outras pesquisas não encontraram um risco maior de pessoas com histórico de trombose em desenvolver os quadros de trombose com trombocitopenia após a vacinação.

Já sobre a vacina da Johnson & Johnson, os dados indicam maior risco, mas não de uma forma suficientemente clara para que os pesquisadores pudessem tirar conclusões.

O estudo confirma, essencialmente, "que todas as vacinas [anticovid] são seguras e eficazes", disse à AFP a microbióloga Sarah Pitt, ao destacar a frequência "extremamente rara" de casos de trombocitopenia.

Colaborou Ana Bottallo

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