Transplante de coração tem 386 pessoas na fila, e quadro como o de Faustão pode ser prioridade

Internado desde 5 de agosto, apresentador está na UTI e faz diálise; lista de espera atende a critérios como urgência do procedimento

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São Paulo

O quadro de saúde do apresentador Fausto Silva, o Faustão, o coloca como prioridade na fila de transplantes, segundo especialista. O apresentador está internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, tratando uma insuficiência cardíaca, fazendo diálise, e entrou na fila do transplante para receber um novo coração.

Segundo os dados do Ministério da Saúde de 16 de agosto, 386 pessoas aguardam pelo órgão no Brasil. O país tem uma lista única com todas as pessoas que precisam de transplante, que é gerenciada pelo Sistema Nacional de Transplantes. De acordo com o médico João Vicente da Silveira, doutor em medicina e especialista em cardiologia, após a inclusão, o paciente precisa esperar chegar a sua vez.

O apresentador Fausto Silva está sentado numa cama de hospital, com camisa azul marinho
Faustão no leito do hospital - Faustão no Instagram

Mas, quando o paciente está muito grave, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o caso torna-se prioritário.

"Esse paciente passa na frente. Por exemplo, o Faustão está hoje na UTI. Ele está tomando medicamentos na veia para fazer o coração bater mais forte. Só que isso é momentâneo. Isso não é eterno. Então como ele está com uma gravidade maior, ele 'fura a fila', mas tem que estar na UTI e ser justificado", explica.

De acordo com Silveira, são vários os critérios para ter prioridade.

"O médico dele tem que colocar todos os critérios online, no sistema de transplante, que demonstra que ele está grave. Tem protocolos que ele precisa seguir. Você precisa inserir esses dados laboratoriais para mostrar que está muito grave e que tem de passar na frente", afirma.

Regras para o transplante

Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e já estão aguardando em uma lista de espera unificada e informatizada. A posição na lista de espera é definida por critérios técnicos como tempo de espera e urgência do procedimento, compatibilidade sanguínea entre doador e receptor. A compatibilidade genética entre doador e receptores, quando necessária, é determinada por exames laboratoriais.

Outro fator importante é a localização, pois é necessário entender o tempo de duração do órgão fora do corpo. Dependendo do prazo, é preciso um avião para o transporte até o destino.

Brasil é o 2º maior em transplantes

O Brasil, segundo o Ministério da Saúde, tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes no país.

A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.

No Brasil, o órgão mais esperado para transplante é o rim, com 36.690 pessoas na fila de espera. A córnea está em segundo lugar, com 25.689, e o fígado na sequência, com 2.253. O coração, caso do apresentador Fausto Silva, está em 5º lugar.

O estado com mais pessoas na fila de transplante é São Paulo que tem 23.671. O segundo é Minas Gerais, que tem 7.096, seguido por Rio de Janeiro, com 6.138.

Até o último dia 16, foram realizados 11.264 transplantes no Brasil este ano, sendo 5.946 de córnea, 3.544 de rim, e 1.417 de fígado. Foram 244 transplantes de coração.

No mesmo período de 2022, foram 16.733 transplantes no país.

De apenas uma pessoa podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. Com isso, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador.

No caso de doador vivo podem ser obtidos um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.

O coração, depois de ser removido do doador, tem prazo de quatro horas para ser implantado no receptor, pois depois desse prazo começa a se deteriorar.

"Do ponto de vista logístico, a cirurgia tem que ser muito bem ordenada. A captação tem de ser coordenada de tal forma, que o cirurgião que está com o paciente que vai receber o coração termine o transplante em um prazo de quatro horas", explica o médico Samuel Steffen, cirurgião cardíaco da Rede D'Or e do Incor (Instituto do Coração).

O período de 24 a 48 horas é o mais crítico para o processo de adaptação de novo coração ao organismo, explica o cirurgião, que diz que a maioria dos pacientes vai bem nessa fase.

"Quando passa pelo transplante, o paciente acaba tendo que ficar, em média, 30 dias internado, que é o pós-transplante. A partir do momento que você troca o coração precisa cuidar de uma situação que chama-se rejeição. Tem de ajustar as medicações para o organismo não rejeitar esse coração", afirma.

O paciente precisa manter uma rotina de acompanhamento médico, que até seis meses do transplante, consiste em consulta mensal, depois a cada dois meses e depois vai espaçando. Os cuidados se mantêm para evitar a rejeição do órgão.

"A gente sempre fala que a sobrevida em dez anos é muito boa. Só que a medicina tem evoluído muito nos últimos anos, principalmente, em relação ao tratamento da rejeição", diz Steffen.

Cuidados básicos podem evitar o transplante

Segundo Silveira, a insuficiência cardíaca se caracteriza quando o coração, que é uma bomba muscular, não consegue bombear sangue para o corpo todo.

"O coração fica tão fraco que dá cansaço aos mínimos esforços, como escovar os dentes, pentear os cabelos, até falar dá canseira, porque não tem fluxo de sangue no corpo todo. O coração cresce e fica fraco, explica Silveira.

O especialista diz que uma das principais causas que fazem a saúde se deteriorar e levar uma pessoa a precisar de transplante de coração é a falta de atenção aos cuidados básicos com a saúde.

"É importante ir ao cardiologista, aferir a pressão. A pressão alta é um assassino silencioso que dilata e enfraquece o coração. A obesidade também é um fator, o tabagismo, colesterol alto, o sedentarismo, o maldito cigarro eletrônico, tudo isso propicia a doença do coração", alerta Silveira.

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