Mudanças climáticas estão impedindo luta contra Aids, tuberculose e malária

Diretor de fundo global também cita conflitos militares como entrave ao combate a essas doenças

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Jennifer Rigby
Londres | Reuters

As mudanças climáticas e os conflitos militares estão afetando os esforços para combater três das doenças infecciosas mais mortais do mundo, alertou o chefe do Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária.

As iniciativas internacionais de combate às doenças se recuperaram em grande parte após terem sido gravemente afetadas pela pandemia da Covid-19, de acordo com o relatório de resultados do fundo para 2023, divulgado nesta segunda-feira (18).

Mas os desafios crescentes das mudanças climáticas e dos conflitos significam que o mundo provavelmente não alcançará a meta de acabar com a Aids, a tuberculose e a malária até 2030 sem "medidas extraordinárias", disse Peter Sands, diretor-executivo do Fundo Global.

Lago glacial no Paquistão
Lago glacial no Paquistão; mudanças climáticas afetam tratamentos de saúde - Reuters


Por exemplo, a malária está se espalhando para as regiões montanhosas da África que antes eram frias demais para o mosquito transmissor do parasita causador da doença.

Eventos climáticos extremos, como enchentes, ainda estão sobrecarregando os serviços de saúde, deslocando comunidades, causando surtos de infecção e interrompendo o tratamento em muitos lugares diferentes, segundo o relatório.

Em países como Sudão, Ucrânia, Afeganistão e Mianmar, simplesmente chegar às comunidades vulneráveis também tem sido um grande desafio devido à insegurança, acrescentou.


No entanto, há pontos positivos. Em 2022, por exemplo, 6,7 milhões de pessoas foram tratadas para tuberculose nos países onde o Fundo Global investe, 1,4 milhão de pessoas a mais do que no ano anterior. O fundo também ajudou a fornecer terapia antirretroviral para o HIV a 24,5 milhões de pessoas e distribuiu 220 milhões de mosquiteiros.

Sands acrescentou que ferramentas inovadoras de prevenção e diagnóstico também trouxeram esperança.

O Fundo Global tem enfrentado críticas de alguns especialistas em tuberculose por não alocar mais de seu orçamento para a doença, já que ela é a maior causadora de mortes entre as três doenças nas quais o fundo se concentra.

"Não há dúvida de que o mundo precisa dedicar mais recursos para combater a tuberculose, mas não é tão simples quanto comparar as mortes anuais de cada doença", disse Sands. Ele disse que muitos países com a maior carga de tuberculose são países de renda média que têm mais capacidade de financiar serviços de saúde internamente.

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