Variante JN.1 chega a quase metade dos casos de Covid nos EUA

Nova cepa já se tornou a mais comum do país e pode estar relacionada a aumento no número de ocorrências

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Knvul Sheikh
The New York Times

Com o fim da temporada de férias e o aumento dos casos de Covid, uma variante chamada JN.1 se tornou a cepa mais comum do vírus em transmissão nos Estados Unidos.

Detectada pela primeira vez no país em setembro do ano passado, a JN.1 (que emergiu da variante BA.2.86) foi responsável por 44% dos casos de Covid em meados de dezembro, muito acima dos cerca de 7% registrados no final de novembro, segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), agência do governo estadunidense.

Até certo ponto, esse salto era esperado. "As variantes levam algum tempo para aparecer", afirma o médico William Schaffner, especialista em doenças infecciosas do Centro Médico da Universidade Vanderbilt. "Então elas aceleram, se espalham amplamente e, justamente quando fazem isso, após alguns meses, surge uma nova variante".

Nova variante já corresponde a 44% dos casos de covid nos Estados Unidos - kjpargeter/Freepik

O impulso da JN.1 sugere que a variante pode ser mais transmissível ou melhor em escapar do nosso sistema imunológico que outras cepas em circulação, de acordo com relatório do CDC publicado em dezembro. A agência diz que a Covid ainda é "uma ameaça séria à saúde pública", principalmente à população mais vulnerável a formas graves da doença, como idosos, crianças, pessoas com sistema imunológico comprometido ou condições médicas crônicas, além de mulheres grávidas.

De acordo com especialistas, a JN.1 não parece causar formas graves da doença na maior parte das pessoas, embora mesmo casos leves possam deixar o paciente "bem mal durante três ou quatro dias", disse Schaffner. Os sintomas são semelhantes aos causados por variantes anteriores da Covid, incluindo tosse, febre, dores no corpo e cansaço.

Para se proteger contra a infecção e formas graves da doença, especialistas mantêm a recomendação do uso de máscaras, e orientam a população a ventilar ambientes fechados sempre que possível, ficar em casa quando estiver doente e tomar a vacina mais recentre contra a Covid.

Uma investigação preliminar mostra que as vacinas atualizadas, lançadas em setembro, produzem anticorpos eficazes contra a JN.1 –a nova variante mantém relativa semelhança com a cepa XBB.1.5, para a qual foram desenvolvidos os imunizantes. Embora não estimule a criação de tantos anticorpos para a JN.1, os níveis ainda assim diminuem o risco da doença.

"Para aqueles que foram infectados recentemente ou receberam reforço, a proteção cruzada contra a JN.1 deve ser razoável, mostraram nossos estudos laboratoriais", disse o David Ho, virologista da Universidade de Columbia que liderou a pesquisa sobre a nova variante e vacinas de Covid, lançada no início de dezembro. Os testes rápidos também continuam sendo uma ferramenta valiosa, e segundo o CDC os produtos que já estão no mercado funcionam bem para detectar a JN.1.

Existem sinais de que os casos de Covid estão aumentando novamente. Em dezembro, de uma semana para a outra, as hospitalizações pela doença tiveram alta de 10%, passando de 23 mil para 26 mil. Ainda assim, o volume de internações continua bem abaixo que o registrado durante o pico da primeira onda da variante ômicron, em janeiro de 2022. Em comparação com o período em que se registraram casos simultâneos de Covid, gripe e VSR (vírus sincicial respiratório), no último inverno do hemisfério norte, o volume de infecções pela nova variante se aproxima da metade.

Ainda é cedo para afirmar se a JN.1 é responsável pelo aumento nas hospitalizações ou se este é um reflexo das viagens de fim de ano e confraternizações do dia de Ação de Graças e férias de inverno.

"Quando as pessoas estão reunidas perto umas das outras, festejando ou viajando, estão mais sujeitas à transmissão. São situações que favorecem a circulação dos vírus respiratórios, incluindo a JN.1", disse Schaffner.

O médico acrescenta a sazonalidade como característica comum da Covid. Países do hemisfério norte tendem a observar uma pausa nos casos durante o outono, seguida por alta nas infecções e internações no inverno.

Segundo Schaffner, a JN.1 provavelmente vai continuar sendo a versão dominante do coronavírus durante a primavera.

Ele e outros especialistas perceberam que embora as vacinas ofereçam proteção contra diferentes variantes do vírus, a adesão permanece baixa, sendo que apenas 18% dos adultos receberam as últimas doses. Médicos recomendam que toda a população deve considerar tomar a vacina, especialmente quem tem mais de 65 anos, imunossuprimidos, pessoas com outros fatores de risco relacionados a condições de saúde e quem vai viajar para se encontrar com entes queridos que podem ser vulneráveis.

"Dê a si mesmo um presente de ano novo tomando esta vacina, caso ainda não o tenha feito", acrescenta Schaffner.

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