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País usa R$ 44 milhões para dengue, de R$ 1,5 bi disponível para crises de saúde

Estados e municípios precisam decretar emergência e pedir verba para a Saúde

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Brasília

O Ministério da Saúde liberou até esta terça-feira (5) R$ 44 milhões de verba emergencial para o combate à dengue. O recurso é parte do R$ 1,5 bilhão reservado pela pasta para enfrentar emergências em saúde em 2024.

Para receber o recurso adicional, estados e municípios devem declarar emergência em saúde e apresentar um plano de ação contra a dengue. O ministério exige que este documento mostre a situação epidemiológica e o cenário da rede de atendimento da saúde, entre outros pontos.

Mais de 150 municípios, além de sete estados (Acre, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo) e o Distrito Federal já decretaram estado de emergência, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na semana passada.

Agente de saúde retira focos de dengue em pilha de pneus na zona norte da capital fluminense - Eduardo Anizelli-8.fev.2023/Folhapress

Até agora, a maior parcela da verba extra contra a dengue foi destinada ao município do Rio de Janeiro, que recebeu cerca de R$ 16,2 milhões.

O recurso emergencial foi enviado a 79 municípios e 3 estados. "Mais 25 municípios e 1 estado devem receber mais recursos nos próximos dias. Cabe ressaltar que o recurso é liberado a partir da solicitação dos próprios gestores, após análise do Ministério", disse a Saúde.

O ministério ainda não estima qual deve ser a cifra total enviada a estados e municípios contra a doença causada pelo mosquito Aedes aegypti. Os primeiros repasses emergenciais para a dengue foram autorizados em 27 de fevereiro.

Depois do Rio, DF e Belo Horizonte são os locais que mais receberam verba extra contra a dengue em 2024, mais de R$ 5 milhões cada. Em seguida, Goiás recebeu R$ 3,6 milhões e o estado de Minas Gerais foi o destino de R$ 3 milhões adicionais.

Em dezembro de 2023, o ministério destinou R$ 256 milhões a estados e municípios para ações de "prevenção de endemias com ênfase em arboviroses", como a dengue. Além destes recursos extras, a pasta ainda faz repasses programados todos anos para reforçar a vigilância em todo o país.

O Brasil tem 1,2 milhão de casos prováveis da dengue, além de 278 mortes confirmadas e outras 744 em investigação, segundo atualização feita pelo ministério nesta segunda (4). O DF lidera o coeficiente de incidência da doença, com 4.174,1 casos prováveis por 100 mil habitantes. A capital federal também é a unidade da federação com mais mortes, ao menos 79.

O ministério publicou em 9 de fevereiro a portaria que dita regras para a liberação da verba extra para as emergências em saúde.

O recurso extra é transferido aos fundos de saúde de estados e municípios. A verba serve para o custeio do atendimento à população. Ou seja, pode pagar equipes e outros custos para manter ou expandir o funcionamento da rede local de saúde.

O ministério vetou o uso da verba para "construção ou ampliação de edificações e aquisição de material permanente". "Os recursos de custeio poderão ser destinados à pagamento de pessoal, aquisição de medicamentos, logística e outras despesas correntes no âmbito da resposta à emergência", afirma a portaria.

Além dos casos de aumento de contágio de determinada doença, os estados e municípios podem decretar emergência em saúde e pedir a verba extra quando há desastres ambientais ou situações de desassistência à população, segundo as regras do ministério.

O município ou estado ainda que receber a verba emergencial deverá apresentar semanalmente a evolução da situação de saúde e registrar os casos, óbitos e atendimentos.

O Ministério da Saúde estima atingir de 4,2 milhões a 5 milhões de casos em 2024, no pior cenário para a doença.

"O que nós estamos vivendo agora é um fenômeno atípico em relação à dengue, porque não é comum a gente ter três anos seguidos de números de casos nessa magnitude", disse Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, à Folha no fim de fevereiro.

"Nós não sabemos ainda se o que nós estamos vivendo agora é uma antecipação da curva [de casos] e, portanto, também uma antecipação do período de decréscimo dos casos ou se nós teremos realmente uma magnitude de casos que pode e que está estimado para ser a maior da história do país e das Américas", afirmou ainda.

O ministério também comprou 5,2 milhões de doses da vacina contra a dengue. Os imunizantes começaram a ser entregues neste mês aos municípios. Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos são o público-alvo inicial da campanha de vacinação.

Na semana passada, a ministra Nísia Trindade disse que há expectativa de redução de casos em alguns estados até o fim de março. Ela afirmou, porém, que os dados estão em avaliação e não é possível apontar qual será o comportamento da doença no país.

"Essa é uma expectativa com relação ao Distrito Federal, a Minas Gerais, mas como a situação é muito heterogênea, é muito complexo", disse a ministra.

A secretária nacional de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, afirmou que o ministério observa alguns estados em declínio de casos, mas que ainda é preciso confirmar se este movimento se sustenta. "Acho que nas próximas duas semanas a gente vai ter um cenário mais definido."

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