Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Dengue

São Paulo decreta estado de emergência para dengue

Estado atingiu mais de 300 casos por 100 mil habitantes

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O Governo de São Paulo decidiu decretar estado de emergência para a dengue.

O estado registrou, até a segunda-feira (4), 31 mortes confirmadas pela doença. Há ainda outros 122 óbitos em investigação, segundo painel de monitoramento do governo estadual. O total de pessoas infectadas chega a 138.259. Destas, 169 estão em um estado considerado grave.

Mosquitos Aedes aegypti são vistos dentro de uma gaiola em Campinas, Brasil - Carla Carniel/Reuters

A decisão de decretar a emergência foi tomada depois de o Centro de Operações Emergenciais (COE) recomendar a medida, e ocorreu por um motivo alarmante: o estado atingiu 311 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes nesta semana.

O número de 300 para 100 mil é considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) o patamar a partir do qual a região afetada tem que decretar a emergência.

Além de dar ainda maior visibilidade ao problema, o decreto permitirá nova alocação de recursos para o combate à doença, com o suporte do Ministério da Saúde. A pasta poderá enviar verbas para São Paulo além do que já estava previsto no Orçamento.

Mais compras de equipamentos e contratações poderão ser feitas para minimizar os impactos da doença.

O Brasil enfrenta uma epidemia de dengue, com 1.017.278 de casos prováveis da doença e 214 mortes confirmadas em 2024. No país, a taxa de incidência já chega a 501 casos por 100 mil habitantes.

Sete estados já tinham decretado estado de emergência: Acre, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Amapá, além do Distrito Federal.

De acordo com o Ministério da Saúde, 75% dos focos do Aedes aegypti, o mosquito que transmite a doença, estão dentro dos domicílios, e por isso o governo se concentra em campanhas educativas e visitas porta a porta de agentes de saúde.

Em São Paulo, 131 municípios se encontram em situação de epidemia, e 22 já tinham decretado estado de emergência em saúde pública. Os casos seguem crescendo e as autoridades ainda não conseguem prever quando ocorrerá o pico das infecções.

Os óbitos já confirmados no estado ocorreram nas cidades de Bebedouro (1), Bariri (2), Bauru (1), Pederneiras (2), Bragança Paulista (1), Campinas (1), São Paulo (2), Franca (1), Restinga (1), Marília (3), Guarulhos (3), Suzano (1), Batatais (1), Ribeirão Preto (2), Serrana (1), Mauá (1), Parisi (1), Votuporanga (1), Pindamonhangaba (2), Taubaté (2) e Tremembé (1).

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a mobilização para a educação no combate ao mosquito transmissor da doença é importante, mas o país já enfrenta uma situação complicada.

Para o sanitarista Claudio Maierovitch, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Brasília e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), a campanha nacional tem o potencial de chamar a atenção da sociedade e de gestores locais para abordar o problema, mas a efetividade da medida em um contexto de epidemia já disseminada é reduzida.

"Já temos muitos mosquitos procriando e infectados com o vírus. É difícil atingir aquilo que poderíamos obter com uma ação planejada e iniciada antes", diz Maierovich.

O sanitarista afirma que a vacina contra a dengue só terá resultados no futuro, quando for amplamente distribuída. Outras estratégias possíveis, mas que dependem de investimento e planejamento, são a adoção massiva de tecnologias como armadilhas disseminadoras de larvicidas e a modificação de mosquitos para que não se infectem com o vírus da dengue, segundo o médico.

"É preciso que o mapeamento dos locais de maior risco de concentração de mosquitos seja feito continuamente, de modo a concentrar essas ações onde o problema é maior", acrescenta Maierovitch.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH; colaborou LUANA LISBOA

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