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Tempero pronto, mortadela e hambúrguer: veja alimentos com alto teor de sal segundo a Anvisa

Dados da Anvisa mostram que 28% dos alimentos não respeitaram o limite de sódio estabelecido

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São Paulo

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou, na última quarta-feira (13), um relatório em que faz uma avaliação da quantidade de sódio em alimentos industrializados.

De acordo com a agência, quase um terço (28%) dos produtos comercializados no país não respeitam os limites de sódio considerados como aceitáveis. São eles: temperos prontos para arroz e carnes, biscoito salgado, bolos prontos sem recheio, hambúrgueres, misturas para bolo aerado, mortadela conservada em refrigeração, pães de forma, queijo muçarela e requeijão.

A análise é referente aos anos 2020 e 2021.

28% dos produtos analisados não atingiram as metas de sódio para redução do consumo de sódio, açúcares e alimentos industrializados. - Keiny Andrade/Folhapress

O relatório foi elaborado para monitorar o cumprimento das metas estabelecidas nos Planos Nacionais de Redução de Sódio e Açúcares em Alimentos Industrializados. Os planos são estratégias de saúde pública voltadas para a diminuição da ingestão de sódio e açúcares pela população brasileira.

Segundo o relatório, o alimento mais preocupante é a mortadela, que permaneceu com o percentual de conformidade com o plano igual a zero nos dois anos analisados. As categorias que demonstram uma menor aderência às metas estabelecidas são aquelas que foram incorporadas nos acordos mais recentes.

Foram analisadas, em média, 35 categorias de alimentos em relação ao teor de sódio, como salsichas, salgadinhos de milho, empanados, batatas fritas, batatas palhas, entre outros.

Quase três quartos (72%) das categorias analisadas atingiram as metas de sódio estabelecidas no plano, o que não significa que estão abaixo do teor de sódio, uma vez que 60% dos produtos avaliados ainda excedem os limites de sódio estabelecidos pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde, ligada à Organização Mundial da Saúde).

A análise também revela que o Brasil tem a menor adesão das metas regionais de diminuição do consumo de sódio em comparação com outros países da América Latina e do Caribe.

O alto consumo de sódio pode levar ao diagnóstico de hipertensão, um fator de risco para doenças cardiovasculares e AVC (acidente vascular cerebral). Cerca de 4 em cada 10 adultos com hipertensão não fazem o controle de sua pressão sanguínea.

Por essa razão, políticas como a da Argentina e Uruguai de retirar os saleiros de restaurantes são uma medida barata e eficaz para reduzir a hipertensão, obesidade e outras doenças associadas.

Em 2022, uma pesquisa feita em parceria entre a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), USP (Universidade de São Paulo) e Universidad de Santiago do Chile revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados esteve associado a 57 mil mortes prematuras em 2019 no país.

Alimentos ultraprocessados são aqueles que não contêm quase nada ou muito pouco do alimento original. São exemplos salgadinhos, bolachas recheadas, sorvetes, refrigerantes, balas e doces. De acordo com o Guia Alimentar para a Populção Brasileira, de 2014, os alimentos ultraprocessados devem ter um consumo mínimo na pirâmide alimentar brasileira, seguidos de alimentos processados, dos minimamente processados, e, por último, alimentos in natura —estes devem ocupar a base da pirâmide nutritiva.

A Anvisa busca barrar o consumo elevado de alimentos ultraprocessados desde a aprovação, em 2020, da resolução 429 que determina que as embalagens apresentem o selo "Lupa" alertando sobre a quantidade de açúcar, sal e gordura nos alimentos. A etiqueta padrão traz uma lupa preta, com a indicação "alto em", na parte frontal dos produtos, que também passam a contar com uma tabela de nutrientes por 100 ml ou 100 g, para facilitar a comparação por parte do consumidor.

Uma pesquisa da consultoria Bain & Company mostrou que 46% dos consumidores já desistiram ou pensaram em reduzir o consumo de produtos industrializados após a nova rotulagem. Outros 34% repensaram o consumo, mas ainda assim compraram. Para 20% dos que perceberam os selos, nada mudou.

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